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Risco transgenico

FSP, Editorial, p.A2
27 de Mai de 2005

Risco transgênico
Ratos alimentados com um tipo de milho geneticamente modificado desenvolveram anormalidades em seus órgãos internos e alterações hematológicas, de acordo com um estudo realizado pelo próprio fabricante do grão, a Monsanto. O trabalho, por razões óbvias, não teve divulgação. Só veio a público porque repórteres do jornal britânico "The Independent" tiveram acesso à pesquisa e fizeram uma reportagem.
É preciso algum cuidado na interpretação dos resultados. Antes de mais nada, cabe deixar claro que eles não dizem nada a respeito da tecnologia dos transgênicos em geral. Cada produto desenvolvido através dessa técnica deve ter seus riscos avaliados separadamente. A única semelhança entre a soja "roundup ready" e o algodão Bt, por exemplo, é que ambos receberam genes de outras espécies. São, contudo, organismos distintos. O produto que deve ficar sob suspeita com esse estudo é o milho MON 863, modificado para tornar-se imune à larva de um besouro.
Em termos gerais, o episódio serve para reforçar a necessidade de observar com rigor os procedimentos óbvios: todos os novos produtos, sejam eles obtidos através de transgenia, de outras técnicas de engenharia genética ou até de melhoramento convencional, precisam ser extensivamente testados antes de liberados para utilização comercial. Mesmo depois, é preciso que continuem sendo monitorados, a exemplo do que se faz com medicamentos.
A propósito, no mesmo sentido das pressões que hoje se exercem sobre laboratórios farmacêuticos, é preciso cobrar das empresas que trabalham com transgênicos a divulgação para a comunidade científica dos resultados de todas as suas pesquisas, sejam elas favoráveis ou não ao produto. Lida-se, afinal, com saúde pública. A rigor, é do próprio interesse das empresas retirar o quanto antes de circulação os itens que possam provocar problemas sanitários -e, conseqüentemente, motivar processos pedindo grandes indenizações.

FSP, 27/05/2005, p. A2

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