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Ripasa adquire terras e prepara expansao

GM, Relatorio Gazeta Mercantil, p.3
27 de Mai de 2004

Ripasa adquire terras e prepara expansão
A paulista Ripasa Celulose e Papel está dobrando os recursos destinados a compra de terras para plantar eucalipto. O objetivo é garantir matéria-prima para os projetos de expansão da empresa. A previsão é gastar R$ 20 milhões ao ano nos próximos cinco anos. A meta é aumentar 5,5 mil hectares plantados de florestas por ano, de 2004 até 2008, para atingir a marca de cerca de 100 mil hectares plantados e obter 700 mil toneladas de madeira, anualmente. Em 2003, foram 430 mil toneladas de madeira, 130 mil mais do que o volume de 1999. O investimento acumulado na compra de terras nos últimos três anos somou R$ 30 milhões.
O montante reservado para a manutenção e para o replantio de árvores também será maior, R$ 30 milhões, ante R$ 25 milhões no ano passado. O trabalho na floresta é terceirizado. Atualmente, a Ripasa conta com 63,5 mil hectares de área plantada - considerando próprias e arrendadas - que devem crescer para 69 mil até dezembro próximo. A empresa tem duas pequenas fazendas na região norte do Brasil e o restante da plantação é concentrado em São Paulo, nas regiões de Ribeirão Preto, Itararé e Araraquara.
Para atingir a meta, a empresa pretende comprar metade das terras necessárias e arrendar a outra metade. "Mas vai depender da disponibilidade para compra. Do volume não posso abrir mão", afirma o superintendente florestal da Ripasa, Pablo Vieitez Garcia. "Não tem madeira no mercado para dar suporte ao crescimento; a alternativa é aumentar o plantio." De acordo com o executivo da Ripasa, embora atualmente só 2% das florestas de São Paulo estejam ocupadas com o replantio, não é qualquer área que serve para a fábrica. É preciso que o terreno seja em municípios com cultura rural. Hoje, diz Garcia, as florestas estão substituindo, em parte, áreas de pecuária, plantação de cana-de-açúcar e laranja.
Custo e produtividade
A plantação de florestas é estratégica para as indústrias de celulose e papel, que têm o grande diferencial internacional no custo e na produtividade da madeira, segundo Garcia. Há 22 anos a produção na Ripasa era de 12 m³ por hectare, hoje são cerca de 30. "O Brasil é o mais produtivo. Na Suécia são 5 m³ por hectare. Na África do Sul 25, nos Estados Unidos 10", afirma Garcia. "A tecnologia florestal brasileira é a melhor do mundo", completa ele, destacando os programas de melhoramento genético desenvolvidos pelo Brasil.
Mas, para manter a boa produtividade, a Ripasa investe também em um programa de aproximação com os vizinhos das área plantadas da empresa. Com a Campanha "Alerta Verde", a Ripasa distribui brindes para esses vizinhos no qual consta o telefone 0800 da empresa para que possam avisar sobre qualquer problema de invasão ou incêndio. A campanha é feita em abril, já que o período mais crítico, fica entre junho e setembro.
Segundo Garcia, a oferta de madeira começou a escassear em 1999, quando a economia acelerou no mercado local e principalmente no internacional, depois de quase uma década em ritmo mais fraco, o que provocou o adiamento de alguns projetos. Na ocasião, informa Garcia, o preço da celulose chegou a US$ 600 a tonelada, quando o razoável era US$ 400. As fábricas brasileiras aceleraram a produção.
Na ocasião, a Ripasa tinha madeira de sobra e vendia para terceiros cerca de 1 milhão de m³ por ano. Garcia explica que as florestas não podem ficar plantadas muito além do período de corte. "Um ou dois anos após o período de corte as árvores entram em estagnação e começam a morrer, já que a plantação é muito condensada para obter maior rendimento", diz.
Pressão de compra
O investimento em técnicas que aumentassem a produtividade da plantação renderam frutos importantes na operação da Ripasa. Segundo Garcia, a mudança no cenário local e internacional, e a conseqüente pressão de compra, aumen-tou o preço da madeira que custava R$ 9 o m³ em 1999 para cerca de R$ 30 atualmente, preço que se estabilizou na segunda metade do ano passado. Garcia explica que o preço é determinado por pequenos compradores, como olarias para queimar tijolos, pizzarias e cerâmicas que pagam para garantir abastecimento de pequenos volumes. Como o pinus não tem o mesmo rendimento, o eucalipto é utilizado por essas empresas.
kicker: O preço é fixado por pequenos compradores, como olarias, pizzarias e cerâmicas

GM, 27/05/2004, p. 3 (Relatório Gazeta Mercantil)

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