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Ricos têm renda 39 vezes maior que a dos mais pobres

OESP, Nacional, p. A16
17 de Nov de 2011

Ricos têm renda 39 vezes maior que a dos mais pobres
Dados mostram que desigualdade social ainda persiste no País, mesmo após incremento dos programas de transferência de renda

LUCIANA NUNES LEAL , FELIPE WERNECK / RIO

Um brasileiro que está na faixa mais pobre da população teria de guardar tudo o que ganha durante três anos e três meses para chegar à renda mensal de um integrante do grupo mais rico. Embora as pesquisas apontem quedas sucessivas na desigualdade de renda no País, dados do Censo 2010 divulgados ontem pelo IBGE mostram que os 10% mais ricos têm renda média mensal 39 vezes maior do que os 10% mais pobres. Os dados valem para a população de 101,8 milhões de habitantes com 10 anos ou mais que têm algum tipo de rendimento.
A renda média desses moradores é de R$ 1.202 mensais. Os 10% mais pobres recebem em média R$ 137,06. Os mais ricos, R$ 5.345,22. A parcela do 1% mais rico chega a R$ 16.560, 92 mensais, em média.
Levando em conta os habitantes de todas as idades, o IBGE calculou a renda média mensal de R$ 668 mensais. Metade da população, no entanto, recebia até R$ 375 mensais, no período em que o salário mínimo era de R$ 510 (a data de referência do Censo é julho de 2010).
A renda na população feminina é equivalente a 70% da média mensal masculina. Na população de 10 anos ou mais que tem algum tipo de renda, a média das mulheres é de R$ 983,36 mensais e dos homens, R$ 1.293,69.
A distância entre as raças é ainda maior. Os negros têm renda mensal equivalente a 54% da média dos brancos. A população de origem asiática, classificada no Censo como amarela, é a que tem a renda média mais alta, de R$ 1.572,08 mensais.
Entre os negros, a renda média mensal era, em 2010, de R$ 833,21 e a dos brancos chegava a R$ 1.535,94. A parcela dos 10% mais pobres entre os negros tem renda mensal de apenas R$ 120,05, mais de 57 vezes menor que os 10% mais ricos entre os brancos, que têm renda de R$ 6.919,46. Ou seja, o negro mais pobre teria de guardar toda a renda por quatro anos e nove meses para chegar a um mês de rendimento do branco.
"Houve um movimento de redução da desigualdade nos últimos anos, mas daí a indicar um cenário mais róseo para o futuro há uma longa distância. Durante muito tempo se pensou que o mero desenvolvimento econômico faria a desigualdade desaparecer. Não aconteceu. Agora se pensa que as políticas como o Bolsa Família vão acabar com a desigualdade. Não vão. O que vai diminuir são políticas de promoção da igualdade racial, a ação afirmativa no acesso às universidades, ao mercado de trabalho", diz o pesquisador Marcelo Paixão, da UFRJ, estudioso das desigualdades raciais.
Redução. As pesquisas por amostras de domicílio vêm mostrando ano a ano a redução do índice de Gini, que mede a desigualdade. Os números mais recentes, no entanto, evidenciam a distância entre os Brasis: o mais rico, alfabetizado, com acesso a serviços básicos, concentrados em grandes centros urbanos e de maioria branca e o mais pobre, com baixa escolaridade, domicílios precários, especialmente na área rural e de população negra ou parda.
Na população de 10 anos ou mais de idade com renda, o índice de Gini ficou em 0,526 (quando mais perto de zero, menor a concentração de renda e quanto mais próximo de um, maior a desigualdade). O Distrito Federal tem a maior desigualdade entre os Estados, com índice de 0,591.
A renda média da população é de R$ 2.461 mensais. Os 50% mais pobres, porém, detêm apenas 12,3% do total de rendimentos. Os índices de analfabetismo são um dos indicadores com as diferenças mais gritantes entre ricos e pobres, apesar dos bons resultados da redução dos índices nacionais.

Computador é bem durável que mais aumentou nos lares

Menos rádios, mais computadores e máquinas de lavar. O Censo 2010 mostra que, em uma década, o computador foi o bem durável cuja presença mais aumentou nos lares brasileiros. Em 2000, 10,6% dos domicílios tinham computadores. No ano passado, o índice chegou a 38,3%.
O porcentual de lares com rádio caiu de 87,9% para 81,4% em uma década. Já a máquina de lavar roupa chegou a 47,2% dos domicílios em 2010, ante 32,9% em 2000. A televisão é o bem durável mais disseminado, presente em 95% dos lares, segundo o último Censo. Dez anos antes, estava em 87,2%. A participação do automóvel para uso particular também cresceu na década, de 32,7% para 39,5%.
De acordo com o Censo, 87,9% dos domicílios brasileiros tinham uma linha de telefone em 2010. Predominou a proporção de domicílios somente com telefone celular. O índice chegou a 57,9% na Região Norte, 57,4% no Centro-Oeste, 56,7% no Nordeste, 50,2% no Sul e 36,9% no Sudeste. Já o porcentual de lares com telefone fixo e celular foi maior no Sudeste: 49,2%. As Regiões Nordeste e Norte apresentaram os maiores índices de domicílios que não tinham telefone, respectivamente 22,7% e 22,2%. / F.W. e L.M.N.

OESP, 17/11/2011, Nacional, p. A16

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