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Reuniao sobre clima acaba sem grandes avancos

OESP, Vida, p.A18
18 de Dez de 2004

Reunião sobre clima acaba sem grandes avanços
A COP-10 não teve muitos resultados para adoção do Protocolo de Kyoto
Herton Escobar
A poucas horas do encerramento da 10.ª Conferência das Partes (COP 10) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC), ontem, os países em desenvolvimento enfrentavam dois desafios. O primeiro era negociar com os países ricos um sistema de ajuda financeira e tecnológica para a adaptação aos efeitos do aquecimento. O segundo era evitar, a todo custo, a abertura de negociações sobre metas de redução de emissões para o segundo período de vigência do Protocolo de Kyoto, que começa em 2012.
Adaptação e metas foram os temas que dominaram as duas semanas de negociação em Buenos Aires, com a participação de quase 170 países. A necessidade de adaptação às mudanças climáticas tornou-se uma discussão inadiável diante das diversas evidências de que o aquecimento global já está surtindo seus primeiros efeitos, na forma de furacões, secas, inundações e outros eventos extremos. Mesmo com a entrada em vigor do Protocolo, dentro de dois meses, a expectativa é de que esses eventos se intensifiquem ao longo dos próximos anos, com conseqüências severas para os países menos desenvolvidos.
"O aquecimento global é um fato. Nós não estamos nos preparando para ele, estamos vivendo seus efeitos agora. E está piorando", disse a presidente da Conferência Circumpolar Inuit, Sasha Earnheart-Gold.
Estudos recentes indicam que a região do Ártico, onde vive o povo inuit, está aquecendo rapidamente, afetando severamente o ecossistema e o modo de vida local. "Vamos defender nosso direito de existir, e nosso direito de sentir frio."
A discussão sobre metas de redução de emissões tornou-se um problema a partir da proposta apresentada pela Argentina para a realização de um seminário no ano que vem, supostamente para discutir os dez anos de implementação da UNFCCC. A União Européia, entretanto, quer usar o seminário para abrir a negociação de metas para o pós-2012. Mas os países em desenvolvimento do Grupo dos 77, que inclui o Brasil, não querem nem ouvir falar no assunto. Pelos termos atuais da convenção, apenas os países industrializados é que são obrigados a reduzir emissões.
A última reunião plenária da conferência terminou às 18h30, mas as negociações diplomáticas continuavam em salas reservadas. De todo modo, a conferência de Buenos Aires parecia caminhar para um final pouco emocionante. Nem o local da próxima COP, em novembro de 2005, pôde ser decidido. Nenhum país se apresentou para sediar o evento.
O brasileiro José Miguez, um dos principais negociadores da delegação e secretário-executivo da Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima, foi eleito representante da América Latina para o comitê-executivo internacional do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que trata do mercado de créditos de carbono dentro do protocolo

OESP, 18/12/2004, p. A18

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