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Reservatórios do SE superam nível do ano anterior pela primeira vez em 18 meses

Valor Econômico, Brasil, p. A2
07 de Jul de 2015

Reservatórios do SE superam nível do ano anterior pela primeira vez em 18 meses

Daniel Rittner e Rodrigo Polito

Pela primeira vez em 18 meses, o nível dos reservatórios nas regiões Sudeste e Centro-Oeste - consideradas as duas maiores caixas d'água do país - está acima do patamar verificado na mesma data do ano anterior, em sinal de que a pior fase da ameaça ao abastecimento energético ficou para trás. Isso não acontecia desde janeiro de 2014, quando se reacenderam os temores de novo racionamento.
No sábado, o armazenamento das represas de hidrelétricas no subsistema Sudeste/Centro-Oeste estava em 36,1% da capacidade máxima - 0,1 ponto a mais do que o registrado exatamente um ano antes. No dia seguinte, o volume estocado avançou um pouco mais e atingiu 36,3%. Enquanto os reservatórios estavam em queda constante no ano passado, agora estão perto da estabilidade, ou em leve alta, indicando um arrefecimento da crise energética.
Se essa trajetória continuar em julho, seria o terceiro mês consecutivo do período seco em que os reservatórios se mantêm em alta, deixando de registrar queda em plena estiagem. Tradicionalmente, as represas do Sudeste e do Centro-Oeste perdem cerca de 20 pontos percentuais de armazenamento, entre maio e novembro.
"A hidrologia está ligeiramente melhor, mas não é nada para fazer a diferença", diz o presidente da Thymos Energia, João Carlos Mello. "O que está ajudando é a [queda da] carga mesmo. É quase como se fosse um racionamento branco. Os consumidores racionaram por conta própria por causa do tarifaço e da economia ruim", afirma.
Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a carga do sistema interligado nacional recuou 2,1% na comparação entre junho de 2015 e o mesmo período do ano passado. "O comportamento da carga reflete sobretudo o baixo desempenho da indústria, que vem realizando ajustes no nível de produção, diante do aumento de estoques e da diminuição da demanda interna, reflexo do aumento da taxa de juros, da piora no mercado de trabalho e da inflação em alta", explica o ONS, em seu boletim mensal.
Para o operador, já foi possível identificar ainda os efeitos das tarifas mais altas de energia no Sudeste/Centro-Oeste, onde o consumo caiu 5,6% na comparação anual. O subsistema teve altas mais expressivas do que no Norte e Nordeste, com reflexos sobre consumidores residenciais, comércio e serviços.
"A situação melhorou às custas do derretimento econômico", avalia Luiz Barroso, consultor da PSR. Ele adverte, no entanto, que bastaria uma piora do regime hidrológico e um repique da demanda para complicar novamente o cenário. Se isso não ocorrer, Barroso acredita que o ONS pode até iniciar um processo gradativo de desligamento das térmicas a partir da próxima temporada de chuvas, que recomeça em novembro.
A melhora do quadro se refletiu no mercado. O preço de liquidação de diferenças (PLD), que baliza o preço de curto prazo e é fixado semanalmente pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), ficou em R$ 317,79 por megawatt-hora (MWh). O valor, 16% inferior ao definido para a semana anterior, é o menor desde janeiro de 2014. As usinas do Sudeste/Centro-Oeste demandam atenção especial, porque respondem por 70% da capacidade de armazenamento do país.
Os reservatórios do Norte e Nordeste não estão acompanhando a mesma trajetória de crescimento. No Nordeste, as usinas estão com 25% de armazenamento, com queda de 0,3 ponto percentual em julho. No Norte, acumulam queda de 0,4 ponto percentual nos primeiros cinco dias do mês, alcançando 80,1% da capacidade. No Sul, as usinas estão com alta acumulada de 0,8 ponto percentual em julho, totalizando 64,5% da capacidade.

Valor Econômico, 07/07/2015, Brasil, p. A2

http://www.valor.com.br/brasil/4123984/reservatorios-do-se-superam-nive…

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