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Reservatórios dividem opiniões

OESP, Metrópole, p. C4
30 de Jan de 2010

Reservatórios dividem opiniões

Alvos de críticas, represas são defendidas por técnicos

Em estiagens ou enchentes, os reservatórios de usinas, empresas privadas e companhias de abastecimento sempre são alvo de polêmica. Na Bacia do Rio Piracicaba, por exemplo, onde estão os municípios alagados de Atibaia e Bragança Paulista, são 17 reservatórios em um diâmetro de 250 quilômetros - quatro somente do Sistema Cantareira, responsável por armazenar água para o abastecimento de 9 milhões de pessoas na Grande São Paulo e no interior.

Para ambientalistas, urbanistas e prefeitos, as barragens que desviam o curso natural dos rios são as primeiras culpadas. Engenheiros e técnicos do governo estadual dizem o contrário: sem os reservatórios de contenção, as margens de rios como o Atibaia e o Jaguari estariam ainda mais inundadas.

Nesta semana, o Comitê das Bacias dos Rios Piracicaba-Capivari e Jundiaí (CB-PCJ) acusou a Sabesp de não fazer a vazão dos reservatórios em outubro, quando a capacidade de dois deles (Atibainha e Jaguari) já era superior a 80%. A companhia nega e diz que o plano de contingência, com a abertura a partir de 17 de dezembro, quando o nível de capacidade estava em 92,5%, foi correto.

Por três décadas professor de engenharia da Escola Politécnica da USP, Jaime Pimenta não considera os reservatórios os vilões. "No dia 13 de dezembro, as comportas estavam fechadas e já havia área alagadas. Os reservatórios na verdade ajudam a reduzir os alagamentos nas margens", argumentou. "O que aconteceu de fato é que choveu muito na parte dos rios abaixo dos reservatórios, e isso provocou as enchentes." A prefeita de Piracaia e uma das vice-presidentes do CB-PCJ, Fabiane Santiago (PV), discorda. "A Sabesp esperou chegar no limite. Também temos um grande problema decorrente do assoreamento dos rios."

Para o ambientalista Renato Fercundini, da SOS Curupira - ONG especializada em preservação dos rios -, o debate é mais complexo. "A ocupação irregular das margens do Atibaia por condomínios fechados e hotéis tem papel muito mais grave nas inundações do que os volumes que transbordaram do Sistema Cantareira."

OESP, 30/01/2010, Metrópole, p. C4

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