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Reservas extrativistas terão plano de manejo até o final do ano

O Rio Branco-Rio Branco-AC
Autor: Pedro Paulo
18 de Fev de 2003

Onze das trinta reservas extrativistas do país terão seus planos de manejo concluídos até o final deste ano. Essas unidades de conservação, de uso sustentáveis são responsáveis pela preservação de cinco milhões de hectares - a maior parte em áreas de floresta. Das 11 reservas, três estão no Acre.
As reservas passarão a contar com documentação técnica, que definirá as prioridades e a forma de exploração dos recursos naturais da fauna e da flora, incluindo também prestação de serviços de ecoturismo.

O anúncio dos planos de manejo foi feito pelo chefe do Centro Nacional de Populações Tradicionais e Desenvolvimento Sustentável (CNPT), Atanagildo de Deus Matos, e foi confirmado ontem pelo técnico ambiental do Ibama/AC, José Alberto Rodrigues. Segundo Rodrigues, das quatro reservas existentes no Estado, duas estão com contrato de concessão de uso em fase final de excussão, frisou.

As reservas que serão contempladas com os planos de manejo este ano são: Alto Tarauacá, Cazumbá-Iracema e Chico Mendes (AC); Jutaí e Médio Juruá (AM); Barreiro das Antas, Lago do Cuniã e Rio Ouro Preto(RO); Rio Cajari (AP); Tapajós-Arapiuns e Soure (PA). A reserva extrativista do Alto Juruá ficou fora da projeção feita pelo órgão para a conclusão do plano de manejo ambiental, porém o empenho dos técnicos que atuam na região é para que os 2,4 milhões de hectares que integram as unidades protegidas sejam legalizadas em sua totalidade.

A novidade é que os planos das reservas permitirão às populações residentes fazerem o manejo de madeira e de animais silvestres quando esses recursos estiverem disponíveis na área, o que até então não era permitido. Além dos dois novos itens, as reservas já produzem borracha, castanha, palmito, essências vegetais, óleos, mel, peixes e fibras variadas.

Em algumas reservas destaca-se ainda a produção artesanal. Os planos de manejo serão úteis na orientação dessa produção e garantirão o uso sustentável dos recursos naturais, ajudando a preservar a floresta para as gerações futuras.
De acordo com técnico ambiental José Alberto Rodrigues, em algumas das reservas extrativistas os técnicos vêm encontrando resistência da população na aplicação dos trabalhos educativos. "É uma questão cultural buscamos compreender, todavia isso implica em mais um obstáculo que precisa ser vencido por apenas cinco profissionais da área, responsáveis pela cobertura assistencial nos 2,4 milhões de hectares em regime de proteção no Acre", argumentou.

As reservas extrativistas são um modelo genuinamente brasileiro de ocupação sustentável de áreas nativas. Ao criar uma reserva, o governo tira os habitantes tradicionais da condição de posseiros e dá a eles o status de cidadãos, com direito ao usufruto da terra e seus recursos naturais. Além ter os direitos garantidos por lei, os extrativistas ainda recebem ajuda de custo para a reforma da casa e a compra de equipamentos essenciais, financiamentos para a produção extrativa sustentável e assistência técnica - como é o caso dos planos de manejo que serão elaborados com apoio do Ibama.

Com a vida lastreada no meio ambiente, os extrativistas das reservas tornam-se fundamentais na conservação dos recursos naturais. "Nas reservas não existe grilagem de terra, ocupação desordenada, retirada ilegal de madeira ou tráfico de animais", explica o chefe do CNPT. Segundo ele, a profunda relação dos moradores das reservas com a natureza cria uma simbiose que garante a sobrevivência de ambos.

Da luta dos seringueiros do
Acre nascem as reservas

Em todo Brasil, existem 30 reservas extrativistas em pleno funcionamento. Desse total, 23 localizam-se na Amazônia Legal. Apenas sete reservas estão distribuídas nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Divididas entre reservas extrativistas de recursos florestais e recursos pesqueiros, elas somam 5 milhões hectares de áreas protegidas. Tendo um tamanho territorial equivalente ao Estado de Sergipe.

Estabelecido com a importante ajuda de organismos internacionais, esse conjunto de reservas é resultado de onze anos de trabalho. No mapa da preservação brasileira, a primeira delas surgiu de maneira emblemática e chama-se reserva extrativista Chico Mendes. Conhecida no mundo inteiro, a reserva está localizada no município de Xapuri e nasceu dois anos após a morte do líder seringueiro, assassinado por defender os direitos dos povos da floresta, em 22 de dezembro de 1.9988. O líder seringueiro Chico Mendes é o maior símbolo do movimento, que inspirou os ambientalistas na criação das reservas.
(Pedro Paulo-O Rio Branco-Rio Branco-AC-18/02/03)

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