VOLTAR

Reserva no AM é desmatada para receber Linhão de Tucuruí, diz Inpa

G1 - http://g1.globo.com/
29 de Ago de 2014

Parte da Reserva Florestal Adolpho Ducke, na Zona Leste de Manaus, foi desmatada para receber as linhas de transmissão de energia da hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, conforme o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Ao G1, o órgão informou que as obras deveriam passar por fora da reserva. Entretanto, o instituto aponta que uma área de aproximadamente 5,9 mil m² foi comprometida e pode causar danos à fauna e a flora local.

Com uma área total de 100 mil hectares, a reserva está localizada no km 26, da rodovia AM-010, que liga a capital ao município de Manacapuru. O linhão da Eletrobras é interligado à subestação de Lechuga - Jorge Teixeira, que passa por dentro da área e visa conectar a região Norte ao Sistema Interligado Nacional (SIN).

Segundo a bióloga do Inpa e doutora em Ecologia dos Ecossistemas, Rita Mesquita, a proposta inicial acordada entre a Eletrobras e o instituto era de que o linhão passaria contornando a reserva. Entretanto, uma vistoria do órgão realizada há uma semana constatou que as intervenções da empresa ocorreram dentro da área pertencente a reserva Adolpho Ducke.

"Desde o início em que nos foi informado sobre as necessidades da Eletrobras, em momento algum nos foi passado que o linhão cortaria por dentro da reserva. Até a última quarta-feira (20), quando estivemos reunidos com uma equipe da Eletrobras, o linhão passaria por fora. Foi dito também que houve apenas uma pequena interferência na mata em nível de copas mas, na verdade, vimos um desmatamento real da floresta lá, e o linhão, as torres, tudo já estava instalado", afirmou a bióloga.

Uma comissão técnica foi constituída para avaliar os impactos que o linhão poderá causar à reserva. De acordo com o Inpa, as interferências da Eletrobras na área já causaram diversos impactos ambientais. Algumas árvores do local, por exemplo, perderam suas copas com o desmatamento, o que deixa a mata propícia a incêndios florestais. Além disso, a subestação que passa por dentro da reserva afeta áreas de pesquisas permanentes da biodiversidade do local.

A passagem do linhão e o desmatamento já realizado ameaçam ainda a conectividade florestal, segundo o Inpa. O receio é de que as obras fragmentem a reserva de sua floresta primária, no Puraquequara. "Algumas espécies poderão ficar isoladas e morrer por falta de mobilidade. Além disso, algumas estradas de acesso ao linhão, construídas no interior da reserva, deixaram a floresta vulnerável. Já constatamos a prática de crimes ambientais recentes na área, como o corte ilegal de árvores", relatou Rita Mesquita.

Para assegurar a mobilidade dos animais, a construção de um corredor ecológico está sendo solicitado pelo Inpa. Com o projeto, um trecho de floresta seria mantido ou replantado para garantir a proteção dos animais e o movimento entre a Reserva Ducke e o Puraquequara.

Em nota, a Eletrobras Amazonas Energia informou que "os empreendimentos da Amazonas Distribuidora não interferem na Reserva Adolpho Ducke. O empreendimento que trata da linha de transmissão (LT) Lechuga/Jorge Teixeira 230 kV é de responsabilidade da Eletronorte", citou.

O G1 entrou em contato com a Eletronorte desde a segunda-feira (25), mas não obteve resposta.

http://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2014/08/reserva-no-am-e-desmata…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.