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Reserva extrativista em Prainha é repudiada

Diário do Pará
Autor: Alciane Ayres
16 de Jan de 2007

Moradores dizem que criação da Resex irá agravar problemas de subsistência na região

O abaixo-assinado que os moradores de Santa Maria do Uruará, município de Prainha, gostariam de entregar diretamente a um procurador da República, acabou sendo deixado na portaria do Ministério Público Federal - MPF -, para o recepcionista Elton Teixeira. A ida dos manifestantes ao órgão não teve êxito porque os procuradores Felipe Braga e Renato Resende, não estavam na sede da instituição. A audiência que os manifestantes teriam com os representantes da Procuradoria da República, também não aconteceu. Sem muito sucesso, os cerca de 500 moradores de Santa Maria do Uruará seguiram para a sede do Ibama, onde o abaixo-assinado também não foi entregue diretamente ao gerente do órgão, Nilson Vieira. Lá, o documento, mais uma vez, foi entregue na recepção.

O documento esclarecendo que parte dos moradores daquela região não quer a criação da Reserva Extrativista Renascer, pelo Governo Federal, faz ainda uma série de acusações contra um grupo de pessoas que estariam envolvidas em vender a imagem negativa do município, inclusive a Organização Não-Governamental Greenpeace. A comunidade tem ganhado destaque na mídia depois da queima de uma balsa carregada com toras de madeira extraídas naquela região. Numa mobilização conjunta, o Ibama apreendeu madeira que estaria sendo extraída ilegalmente, o Ministério Público Federal acusou policiais militares de darem cobertura para o transporte de madeira ilegal e a Polícia Federal prendeu, com ordem judicial, dois engenheiros florestais e os Pms acusados.

Durante a manifestação, realizada pelas ruas de Santarém na manhã de ontem, os moradores protestavam contra a criação da Resex. Faixas contra o projeto desenvolvido pelo Ibama, com apoio de ONGs ambientalistas, foram expostas mostrando que a população não é adepta do extrativismo e da agricultura de subsistência, uma vez que não são suficientes para sustentar as famílias que lá residem.

O vice-prefeito de Prainha, Ivan da Silva Farias, afirmou que hoje o município não tem sustentabilidade, nem outra fonte de renda para que o povo possa se sustentar. "Queremos que a Polícia Federal possa investigar a origem, quem está à frente e qual o motivo da Resex", disse.

Ney Mesquita, que vive há trinta anos na localidade de Santa Maria do Uruará, disse que com a Reserva Extrativista Renascer, os moradores continuarão sofrendo, uma vez que o extrativismo, a agricultura e a pecuária não bastam. "Por isso, a reserva é prejudicial, pois ela deixará muitas famílias sem expectativa para melhoria de vida. Alguns meios de comunicação noticiaram somente o lado do Greeanpace, mostrando os animais e as florestas e o povo que vive entre eles não foi mostrado e suas necessidades não foram ouvidas; portanto, queremos que a verdade seja mostrada", frisou.

A comissão organizadora da manifestação é formada por quatro pessoas: Isaura Maria Dias Fernandes (presidente da Associação dos Moradores de Santa Maria do Uruará, Ivan da Silva Farias (vice-prefeito de Prainha), Maria Lucy Bastos da Silva, Orivaldo Oliveira Ferreira e Raimundo Hélio S. Sousa (advogado).

Cópias do abaixo-assinado com 1.948 assinaturas contra a criação da Resex e um cd-room com imagens da queima da balsa de uma empresa madeireira, ocorrida há cerca de um mês, foram deixados nas recepções do Ibama, Ministério Público Federal e Polícia Federal. Os moradores irão aguardar posicionamento das autoridades quanto às reivindicações, do contrário novo manifesto poderá ser feito. A realização de uma audiência pública em Prainha está entre as sugestões dos participantes do manifesto para colocar fim ao problema.

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