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Reserva Chico Mendes, no Acre, é modelo de uso sustentável da floresta

OESP
11 de Set de 2002

Apesar do sucesso em várias frentes, criação de gado ainda é vista como a mais rentável.

Muitos brasileiros ainda consideram a floresta amazônica como uma barreira ao progresso, que deve ser substituída o mais rápido possível por pecuária e agricultura. Mas neste rincão isolado, cada vez mais pessoas enxergam a floresta tropical como uma solução para a pobreza crônica da região.

Um indicativo dessa mudança é que os camponeses estão sendo incentivados a cultivar seringueiras e árvores de castanha do Pará, os dois pilares da economia daqui antes do início do desflorestamento na década de 70.

"Estamos indo de volta para o futuro", disse Carlos Vicente, secretário de atividades florestais e extrativistas do governo do Estado do Acre.

"Reconhecemos que a floresta pode ser uma fonte de riqueza se usada de forma sábia".

Esse programa, no Acre, tem o apoio do governo do Estado, que assinou um empréstimo de US$ 108 milhões do Banco Inter-Americano de Desenvolvimento, em Junho, e de organizações internacionais como a EDF (Fundo para a Defesa do Meio Ambiente) e a WWF (Fundo Mundial para a Natureza).

O ponto focal do esforço é uma "reserva extrativista" de 10.100 quilômetros quadrados nas proximidades da fronteira com Peru e Bolívia. A reserva foi batizada Chico Mendes, em homenagem ao líder ambientalista assassinado em 1988, nascido e criado na área.

O corte de árvores dentro da reserva é controlado rigorosamente em termos de volume, assim como das espécies para atender os padrões de homologação determinados pelo Forest Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal), um grupo privado de monitoramento ambiental que, por sua vez, garante um preço mais alto quando a madeira é comercializada.

Os troncos de árvore brutos, juntamente com outros produtos da floresta, são levados para um complexo de indústria florestal, que inclui uma fábrica que processa 3,5 toneladas de borracha por dia.

A fabricante de pneus italiana Pirelli comprometeu-se recentemente a comprar toda a produção de borracha do projeto e começou a fabricar pneus para caminhões denominados Xapuri, em uma de suas fábricas brasileiras.

Mas, embora reservas extrativistas como essa "sejam excelentes pára-choques em relação ao acelerado ritmo da mudança" que está ocorrendo ao redor delas, "o desafio que surge é dar mais valor aos produtos da floresta", disse Foster Brown, que representa a Woods Hole Research Center no Acre.

Particularmente, disse ele, é preciso alternativa para a criação de gado, visto como "uma conta de poupança móvel", que "oferece mais retorno que a borracha".
(LARRY ROHTER-Estado de S. Paulo-São Paulo-SP-11/09/02)

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