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Reserva Apyterewa: Invasão ainda sem solução

Diário do Pará-Belém-PA
Autor: Antônio José Soares
14 de Jun de 2005

O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) Norte II, sediado em Altamira (PA), não toma conhecimento das reuniões que estão se desenrolando em São Félix do Xingu, com vistas a encontrar solução para as invasões das terras indígenas do Sul do Pará. Para os dirigentes do CIMI, essas reuniões não têm representatividade e são engendradas por lideranças indígenas cooptadas por madeireiros para defender a presença de invasores nas áreas dos índios.

O fato é que o CIMI e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) não foram nem convidados para a reunião, que termina nesta terça-feira. Isso significa que o drama dos Parakanã, cuja reserva Apyterewa, de 773 mil hectares, está praticamente toda ocupada por posseiros e grileiros, está longe de terminar.

No mês passado, o Exército e a Fundação Nacional do Índio (Funai) concluíram a demarcação da reserva localizada entre São Félix do Xingu e Altamira, no sul do Pará, logo abaixo da reserva dos Araweté, do Igarapé Ipixuna. A área dos Parakanã está infestada de grileiros de terras e madeireiras, que tentaram impedir o trabalho dos técnicos, ameaçando-os. O tamanho da reserva foi reduzido de 980 mil hectares para 773 mil hectares, devido à correção da linha divisória a sudeste da área. Mesmo assim, ainda há grileiros e madeireiros que insistem em se declarar proprietários de áreas dentro da reserva indígena.

A Exportadora Peracchi, que já se retirou da região, foi apontada, juntamente com os grileiros Benedito Lourenço da Silva, o "Ditão", "Renes", "Daniel" e "Miltinho", como os principais obstáculos à demarcação da reserva. Segundo testemunhas, até homens armados foram usados para intimidar os técnicos e o trabalho só foi concluído porque o Exército e a Polícia Federal foram para a região dar proteção aos técnicos.

O reinício dos trabalhos foi determinado pela desembargadora federal Selene Maria de Almeida, do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região (Brasília). Selene determinou a retirada da Peracchi e dos grileiros, das áreas conhecidas como Paredão e Pé de Morro. A desembargadora acatou ação civil pública movida pela Funai e pelo Ministério Público Federal (MPF) contra "Ditão" e outros. Até agora, os índios reclamam que boa parte da madeira de suas terras (mogno, cedro e jatobá) está sendo extraída ilegalmente pelos invasores. A fiscalização do Ibama tem flagrado e apreendido muita madeira extraída da reserva indígena.

Mas como a região é muito grande e de difícil acesso, muitos madeireiros se sentem protegidos pela grandeza da floresta e pela ausência do Estado, para continuar sua ação criminosa. Em 2003, a reserva foi a área indígena recordista em desmatamento na Amazônia brasileira, totalizando28.767.3655 hectares. Enquanto isso, na outra reserva Parakanã, foram desmatados 477.9035 hectares. Por isso, os invasores ficaram furiosos com a decisão da Funai de levar a cabo a demarcação. A Polícia Federal sabe que os grileiros e madeireiros aliciam os índios com dinheiro e mercadorias para que permitam a retirada de madeiras. A Funai estava a menos de dois quilômetros para concluir a demarcação quando seus técnicos foram impedidos por pistoleiros e tiveram que se retirar às pressas.

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