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Representantes de etnias se reúnem em BH para discutir a educação indígena

Uai - http://www.uai.com.br/
Autor: Pedro Rocha Franco - Estado de Minas
04 de Jul de 2009

Precariedade no transporte, construções inadequadas, número reduzido de professores e problemas na distribuição de merenda. A qualidade da educação escolar indígena no país obteve melhorias significativas nos últimos 12 anos, mas ainda é preciso dar passos consideráveis para buscar a afirmação de traços culturais. Visando debater e criar propostas pedagógicas, representantes das etnias de Minas e do Espírito Santo se reuniram nos últimos três dias em Belo Horizonte para elaborar documento a ser apresentado na 1ª Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena, marcado para setembro, em Brasília.

Desde a implantação da educação diferenciada para índios, em 1996, com a definição do ensino intercultural e bilíngue pelo governo federal, as condições de educação progrediram, com a criação de escolas e material próprios. Em Minas, as oito etnias reconhecidas têm cerca de 3,7 mil alunos matriculados, de acordo com o Ministério da Educação. Segundo a professora da UFMG, coordenadora do curso de licenciatura indígena e delegada institucional da conferência, Ana Maria Gomes, o primeiro passo foram os debates organizados nas aldeias. Já no encontro regional, o debate gira em torno de cinco eixos temáticos: educação escolar, territorialidade e autonomia dos povos; práticas pedagógicas; políticas, gestão e financiamento da educação escolar; participação e controle social e diretrizes para o ensino indígena. "É uma ótima oportunidade para avaliação, redirecionamento e consolidação da educação", afirma.

Em setembro, devem se reunir representantes de 18 regionais em Brasília, onde as propostas dos encontros regionais devem ser debatidas. Segundo o pajé Caipora Xacriabá (Emílio Lopes de Oliveira), de 58 anos, professor de cultura da tribo Xacriabá, de São João das Missões, Norte de Minas, muitos problemas são comuns a todas as tribos. "A escola favorece o resgate do conhecimento tradicional das tribos, como as rezas, o trabalho medicinal, a religião e a matemática indígena", explica o líder de mais de 8,5 mil indivíduos, todos concentrados na Região Norte de Minas. A distância entre a comunidade e a unidade escolar, no entanto, é um entrave para muitos jovens, que acabam por desistir dos estudos. "É preciso caminhar mais de sete quilômetros a pé até a escola e isso torna-se um empecilho. Além disso, contamos com apenas uma sala de aula, o que nos obriga a lecionar também nas cabanas", reclama.

Além da etnia Xacriabá, participaram do encontro líderes dos Caxixó, Krenak, Pankararu, Aranã, Pataxó, Xucuru-Kariri, Maxakali, de Minas, e Guarani e Tupiniquim, do Espírito Santo. "A partir da oralidade, pode-se resgatar o universo do índio e daí usar da escrita para registrar a história. Apesar da proximidade da cidade, é preciso manter os conhecimentos tradicionais. A inserção da escolas nas comunidades foi um ganho para evitar que o processo de extinção seja acelerado", afirma Batik Krenak, chamado em português de Itamar, representante dos cerca de 350 índios, moradores do Vale do Rio Doce.

Comunidades indígenas em Minas:

Aranã: Zonais rurais de Coronel Murta e Araçuaí (Vale do Jequitinhonha), 54 pessoas

Krenak: Resplendor (Vale do Rio Doce), 204 pessoas

Caxixó: Martinho Campos e Pompéu (Região Central), 256 pessoas

Xucurú: Caldas (Sul de Minas), 102 pessoas

Maxakali: Ladainha (Vale do Mucuri), 170 pessoas, Santa Helena e Bertópolis (Vale do Jequitinhonha), 1.271 pessoas

Pataxó e Pancararu: Araçuai (Vale do Jequitinhonha), 30 pessoas, Carmésia (Vale do Rio Doce), 300 pessoas, Itapecerica ( Centro-Oeste), 44 pessoas

Xacriabá: São João das Missões (Norte de Minas), 9 mil pessoas

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