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Relatório do ONS justificou religar térmica, afirma governo

FSP, Dinheiro, p. B7
13 de Jan de 2009

Relatório do ONS justificou religar térmica, afirma governo
País recuou da decisão de comprar menos gás da Bolívia

Eliane Cantanhêde
Colunista da Folha
Humberto Medina
Da sucursal de Brasília

O Ministério de Minas e Energia alega que recuou da decisão de desligar todas as termelétricas e de cancelar boa parte da importação de gás da Bolívia com base numa carta do ONS (Operador Nacional do Sistema elétrico), órgão responsável por definir as usinas em operação. As três termelétricas que foram acionadas e justificam a compra de gás, porém, serão novamente desligadas até o final de fevereiro.
Uma das usinas deverá deixar de ser necessária já a partir do próximo dia 22, como já diz o próprio texto, encaminhado pelo diretor-geral do ONS, Hermes J. Chipp, ao ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Se elas forem desativadas novamente, acaba também a justificativa para a retomada de cerca de 25 milhões de metros cúbicos de gás boliviano.
A carta, à qual a Folha teve acesso, é datada do dia 9 (sexta-feira da semana passada), justamente quando Lobão anunciou o desligamento das termelétricas e o corte do gás boliviano de manhã e voltou atrás no fim do dia. Só ontem, porém, o texto circulou em Brasília.
Lobão recuou depois de se reunir com três ministros bolivianos em Brasília, o secretário-geral do Itamaraty, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, e o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia.
Garcia classificou de político o recuo do governo para não prejudicar a Bolívia. Lobão, ao contrário, afirma que a decisão de religar as termelétricas e manter as altas compras de gás boliviano foi "técnica". E Hermes Chipp alega que houve "coincidência" entre a reunião de Brasília e o envio da carta.
"Ficou complicado porque teve reunião de manhã [sexta-feira] e esses problemas surgiram depois. Como houve reunião Brasil-Bolívia mais tarde sobre o problema de gás, o pessoal associou que essa decisão de ajuste foi em função da reunião. Não tem nada a ver. A decisão foi técnica", diz Chipp.
Na sua versão, ele falou com Lobão no fim da tarde de sexta e enviou a carta às 20h do mesmo dia. No documento, o ONS informa que é preciso acionar as usinas de Araucária, Fernando Gasparian e Canoas, gerando aproximadamente 700 MW. Embora classificados como técnicos, os motivos não se sustentam no médio prazo.
No texto, o ONS informa que, "em função de fatos surgidos durante esta sexta, torna-se necessário o despacho de geração termelétrica para garantir a segurança de operação elétrica". No caso da termelétrica de Araucária (PR), o motivo foi um problema numa linha de transmissão de Santa Catarina e a "condição precária" da termelétrica J. Lacerda (carvão), do grupo privado Tractebel.
O ONS informa que, por isso, é preciso gerar 240 MW na termelétrica de Araucária (gás). No caso dessa usina, o prazo para solução do problema da linha de transmissão não deve ocorrer em menos de 30 dias, e a termelétrica de J. Lacerda terá totais condições de funcionamento no final de fevereiro.
No caso da usina Fernando Gasparian (SP), como parte da linha teve que ser desligada, foi necessário acionar a termelétrica para dar mais segurança ao sistema, agregando mais 370 MW. O próprio ONS informa que o problema será sanado até o próximo dia 22.
Para ligar a termelétrica de Canoas (RS), o motivo foi mais simples: o calor, que "resulta em elevação do consumo de energia e consequentemente em aumento no carregamento no sistema de transmissão", relatou o ONS. Canoas passaria a gerar mais 90 MW.

FSP, 13/01/2009, Dinheiro, p. B7

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