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Reforma da Bandeirantes

OESP, Notas e Informacoes, p.A3
01 de Set de 2005

Reforma da Bandeirantes
A Prefeitura de São Paulo e o governo estadual investirão R$ 130 milhões, nos próximos dois anos, na transformação da Avenida dos Bandeirantes, na zona sul, em uma via expressa. O objetivo é reduzir os prejuízos ao trânsito causados pelos 26 mil caminhões que, diariamente, passam por aquele corredor, a caminho do Porto de Santos.
Além da saturação do tráfego, mesmo em horários tardios, o excesso de semáforos – alguns instalados em aclives –, as falhas de projeto e a falta de monitoramento dos fluxos de veículos fazem da Avenida dos Bandeirantes uma das vias mais congestionadas da cidade.
A iniciativa da Prefeitura, no entanto, não mereceu elogios de boa parte dos especialistas em trânsito, que aconselharam o prefeito a investir no Rodoanel Mário Covas, apontado como única solução para o trânsito da cidade.
A construção de um anel rodoviário vem se arrastando há 53 anos, desde que, com o avanço da indústria automobilística, a frota paulistana cresceu exponencialmente. Até agora, porém, picuinhas políticas, falta de recursos públicos e o radicalismo dos ecologistas, entre outros obstáculos, impediram que se completasse o anel rodoviário. Enquanto isso, três corredores substituem a tão esperada via de passagem: as Marginais do Pinheiros e do Tietê e a Avenida dos Bandeirantes.
A avenida é estreita para esse tipo de tráfego. Não foi projetada para atender à intensidade do trânsito que suporta e a administração municipal não se preparou para isso: do total de oito quilômetros da avenida, apenas um é monitorado pelos Postos Avançados de Campo da CET, nos quais agentes observam panes e acidentes do alto de edifícios.
Em 18 de junho, uma carreta carregada de pedras tombou na Avenida dos Bandeirantes às 17h40. Menos de duas horas depois, os motoristas enfrentavam 185 km de trânsito parado, o terceiro maior congestionamento do ano em São Paulo. Um mês antes, num período de 48 horas, dois acidentes provocaram o fechamento da avenida por 20 horas.
O aumento do número de faixas, a eliminação dos cruzamentos e a melhoria da engenharia de tráfego são medidas urgentes a serem adotadas naquele corredor. É evidente que se trata de um paliativo, como lembram os especialistas, mas é o que é possível fazer no momento, uma vez que a aprovação do EIA/ Rima do Trecho Sul do Rodoanel, mais uma vez, está emperrada e não se sabe quando a licitação para as obras poderá ser lançada.
Há outra questão prática: a Prefeitura tem R$ 30 milhões para investir na primeira fase das obras da avenida. O restante será financiado pelo Estado. Na construção do Trecho Sul do Rodoanel, orçado em R$ 2,5 bilhões, a capacidade de investimento da Prefeitura seria irrisória e contribuiria com muito pouco. Na Avenida dos Bandeirantes, os R$ 130 milhões assegurarão a construção de mais uma faixa, permitindo separar o tráfego de caminhões, além de viadutos, passarelas, alças de acesso, e a instalação de equipamentos eletrônicos para maior fluidez do tráfego local.
Essa reforma poderá estar pronta em dois anos, um prazo bem mais curto do que o exigido para a construção do próximo trecho do Rodoanel.
Depois de vencidas todas as fases para a autorização da construção, as obras exigirão pelo menos quatro anos de trabalhos ininterruptos.
Há de se considerar a preocupação de alguns especialistas em trânsito que lembram da necessidade de um amplo estudo sobre o ponto de chegada da Avenida dos Bandeirantes à Marginal do Pinheiros, onde o estreitamento das faixas forma um gargalo. O secretário municipal dos Transportes, Frederico Bussinger, informa, no entanto, que já estão previstas intervenções para melhoria da circulação no trecho entre as Pontes Ary Torres e Eusébio Matoso.
Os debates são necessários e as sugestões devem ser analisadas pela Prefeitura, mas a urgência da melhoria daquele corredor é inquestionável e, ainda que limitados, os resultados das obras de reforma decerto se refletirão na segurança do trânsito, na melhoria ambiental da região e na fluidez do tráfego.

OESP, 01/09/2005, p. A3

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