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Redução dos Índices de Desmatamento

Amazonia.org
31 de Ago de 2005

Redução dos Índices de Desmatamento

Confira a opinião de especialistas, autoridades, pesquisadores e organizações da sociedade civil sobre os últimos índices de desmatamento, que apontam uma redução de cerca de 40% na taxa anual. Confira também o nosso especial sobre o tema
Greenpeace - Na avaliação do Greenpeace, essa redução no desmatamento pode ser atribuída a uma maior presença do Estado na região amazônica.  "Fica comprovada a tese de que, quando quer, o governo pode ser eficiente para resolver os problemas ambientais", afirma Sergio Leitão, Diretor de Políticas Públicas do Greenpeace.  "Porém, essa ação não pode parar quando os primeiros sinais positivos aparecem.  É necessário ampliar as medidas estruturantes e garantir os recursos necessários para fortalecer os órgãos federais na região, para que os efeitos sejam permanentes".
Carlos Nobre, presidente do IAG e pesquisador-titular do Inpe - "Não acho possível dizer qual o fator principal na queda das estimativas: se as ações governamentais de repressão e controle ou a queda no preço de commodities agrícolas, no caso, a soja.  Não há um estudo detalhado em campo para definir o que teve um peso maior na redução.  Subjetivamente, eu estimo que o fator da ação governamental tenha sido o principal.  Se isto for confirmado, mostra que o poder do estado é muito maior que o próprio estado acreditava.  Muda o paradighma da efetividade no cumprimento da lei na Amazônia."
Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) - O pesquisador-sênior Carlos Souza Júnior afirmou que no momento "só temos evidências, não temos comprovações científicas sobre quais fatores foram importantes na queda das estimativas de desmatamento."  Entre os fatores que contribuíram para a redução das estimativas, segundo Souza Jr, estão a operação Curupira; a criação do Limite Administrativo Provisório na BR-163; a criação das unidades de conservação, principalmente na Terra do Meio; a fiscalização e presença efetiva do Ibama em algumas áreas; a presença das Forças Armadas em regiões de conflitos agrários e a queda nos preços da soja.  "Para o Imazon, é necessária uma análise mais aprofundada que possa de fato direcionar os esforços de combate ao desmatamento", declarou o pesquisador à reportagem do Amazonia.org.br.
João Paulo Capobianco, Secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (MMA)
"As medidas governamentais são responsáveis por boa parte desta conquista. Há outras variáveis envolvidas, como a queda dos commodities, mas é inequívoca a importância das ações do governo. Fizemos uma análise mais detalhada das áreas afetadas por ações governamentais de ordenamento territorial ou de comando e controle.
Na Terra do Meio e no entorno da BR-163, no Pará, por exemplo, a redução do índice ficou entre 80% e 90%. Já no Mato Grosso, as demais variáveis apresentaram bastante influência, principalmente até o mês de maio.  Mas no mês de junho, por exemplo, no qual houve a maior redução, não há como negar a importância da Operação Curupira - o desmatamento atingiu níveis baixíssimos. Não houve alteração tão grande nas outras variáveis que justificasse uma queda tão abrupta. Em suma, foram ações fortes, com resultados importantes. O governo precisa agora trabalhar pra manter essas atividades."
Roberto Smeraldi, diretor de Amigos da Terra - Amazônia Brasileira - "Este ano foi caracterizado pela queda abrupta nos preços das commodities, pela valorização em mais de 20% do real, por taxas de juros além de 19%, por um endividamento sem precedentes do setor agropecuário (mais de 30 bilhões) e pela ausência de qualquer investimento de porte em infraestrutura na região.  Se, nessas condições, ainda se consegue desmatar 16 mil km2, significa que são necessárias mudanças profundas para frear um fenômeno que não depende mais apenas dos atores econômicos."
Paulo Moutinho, Coordenador de Pesquisa  do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) - "A previsão de redução do desmatamento é, sem dúvida, uma boa notícia.  É evidente que as poucas ações que o governo federal implementou, e muito com a ajuda da sociedade civil organizada, possibilitam um salto nesse sentido.  O Programa de Monitoramento do Desmatamento em Tempo Real (DETER), pode ser a ferramenta para o governo responder perguntas básicas como, quando e onde desmatamento é ilegal ou não.  Somente com esse conhecimento, o governo vai poder dizer o quanto da redução ou aumento das taxas de desmatamento são reflexo de suas ações de fiscalização e controle ou resultado de uma conjuntura econômica.  O governo e a sociedade brasileira têm essa oportunidade única de, ao invés de chorar o leite derramado das altas taxas, qualificar quando e onde o desmatamento é necessário ou prejudicial." 
WWF-Brasil -  A redução das estimativas de desmatamento na Amazônia em 2005 anunciada pelo Governo Federal é uma boa notícia.  Porém, é preciso entender as possíveis causas a ela associadas.  Além dos esforços oficiais, como a criação de unidades de conservação e aumento da fiscalização, a redução da especulação imobiliária provocada pelo desaquecimento do mercado agrícola contribui para diminuir o desmatamento.  Com a queda da rentabilidade do setor, a redução do desmatamento é, infelizmente, menos resultado das ações governamentais que da atual situação econômica. " O Governo pode reduzir as taxas de desmatamento, mas não se deve pensar que isso é tarefa apenas do Ministério do Meio Ambiente e do Ibama", diz a Secretária-geral do WWF-Brasil, Denise Hamú.
Instituto Socioambiental (ISA)
"Temos de comemorar a tendência de queda expressiva sim, mas com cautela, pois num cenário mais favorável ao agronegócio as medidas de comando e controle enfrentarão as limitações de praxe", afirmou André Lima, do Instituto Socioambiental.

Amazônia.org, Ago 2005

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