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REALIZADA GRANDE OPERAÇÃO DE FISCALIZAÇÃO NO PARQUE NACIONAL DE PACAÁS NOVOS/TERRA INDÍGENA URU-EU-WAU-WAU E ENTORNO.

Thiago Beraldo
Autor: Thiago Beraldo
27 de Ago de 2004

Do dia 19 ao dia 23 de agosto, foi realizada uma
grande operação na região do rio Jaci-paraná,
municípios de Campo Novo de Rondônia e Nova Mamoré,
para averiguar denúncias de invasão na reserva e
desmatamentos no entorno.

Durante trabalho de vigilância da região norte do
Parque e Terra Indígena entre os dias 23 e 26 de
julho, a equipe do Parque Pacaás constatou furto de
madeira dentro da unidade e início de invasão por
grileiros para demarcação de terras. As informações
obtidas na região na época falavam em 300 pessoas
demarcando lotes, além de outras invasões no Parque
Estadual de Guajará Mirim.

Durante a semana seguinte manteve-se um trabalho de monitoramento das atividades na região enquanto, em Porto Velho, começava o desafio de articular uma grande operação. Foram acionados diversos setores e instâncias do IBAMA, além da FUNAI, Polícia Militar Ambiental e Polícia Federal e a busca de recursos para a realização de tal jornada.

Tal trabalho era necessário, pois nosso monitoramento
já falava em mais de 1000 invasores sendo apoiados por políticos e candidatos, apontando para uma invasão generalizada culminando com as eleições municipais.

Vendo o tamanho do problema, a responsável do IBAMA
pelo Parque em Brasília - Célia Lontra acionou o
diretor da DIREC - Diretoria de Ecossistemas - Ivan
Carlos Baptiston que prontamente se dispôs a financiar
parte da operação repassando recursos para o Parque
Nacional de Pacaás Novos e a DIPRO - Diretoria de
Proteção através de seu coordenador de Fiscalização -
Marco Antonio Vidal dos Santos Pinto que forneceu um helicóptero do Núcleo de Operações Aéreas - NOA, enquanto isso o Chefe do Parque, Rogério Vargas Motta, articulava com Auro Neubauer da Diretoria Técnica e João Alberto Ribeiro da Diretoria de Fiscalização em Porto Velho. Estas Diretorias vendo a importância estratégica da região para a proteção da biodiversidade mostrada pela Coordenadora do Corredor Ecológico Itenez-Mamore, Nanci Maria Rodrigues da Silva se dispuseram a participar enviando fiscais e peritos para verificar também as propriedades do entorno, madeireiras e seus planos de manejo.

Por outro lado, Sebastião Bezerra Leal da FUNAI
através do SPIMA, organizava sua equipe para compor a
operação e junto com o IBAMA, solicitavam o auxílio da
Polícia Militar Ambiental e da Federal. O Major
Josenildo Jacinto do Nascimento da Ambiental dispôs
três sargentos e sete policiais para a operação e o
Delegado Regional Executivo da Polícia Federal,
Patrioça de Sá Chaves forneceu três agentes, um
escrivão e um delegado que já decretaria prisão dos
envolvidos no local. Somando todas as equipes, foram
trinta e cinco pessoas envolvidas.

As equipes saíram na quinta a noite de Porto Velho em
direção a Campo Novo na região do rio Jaci-paraná
chegando no local na madrugada de sexta e já iniciando
o trabalho de entrada nas linhas para averiguação dos invasores. Lá encontraram as estradas abertas, as derrubadas e os barracões onde os invasores se alojavam. Entretanto não havia ninguém na área. Está se averiguando como as pessoas foram avisadas e quem avisou.

Continuaram as buscas por outras entradas que também encontravam os barracões vazios. Enquanto isso o helicóptero sobrevoava a região a procura de indícios dos invasores e de derrubadas. Também foram verificadas algumas áreas no entorno do Parque onde se constataram muitas derrubadas e queimadas.

A Condor, uma madeireira da região, teve seu plano de
manejo inspecionado e está sendo analisado em Porto
Velho. Um grupo sem-terra que está instalado no
entorno também foi avisado da impossibilidade de
conseguir terras dentro de áreas protegidas.

Está é uma região de alto risco de invasão. Meses
antes, em maio, a equipe do parque também flagrou a
retirada de uma tora de mogno em pranchas pelo rio. A
equipe soltou a madeira por não ter condições de
transportá-las no momento, mas os infratores fugiram.
Dentro da área também encontramos antigos carreadores abandonados há muitos anos que foram utilizados para a retirada de toras, mostrando há quanto tempo a lei vem sendo desrespeitada.

Em novembro de 2003, foram apreendidos na região, um
trator de pneu traçado, uma carregadeira e uma
carroceria julieta. Além deles, foi encontrado um
caminhão Scania carregado. Foram encontradas também,
várias esplanadas onde estavam sendo retiradas 72
toras entre elas algumas de mogno.

A região do Jaci possui uma baixa intervenção do
Estado, sendo um lugar onde a população tem feito o
que bem entende. Pela distância, pela ausência e pela
grande extensão do limite da unidade que nem sempre é transitável ou navegável a área é bem vulnerável sendo necessário uma maior presença governamental.

Por isso, estamos programando um sistema de vigilância
mais freqüente na região numa parceria IBAMA, FUNAI
com o apoio da Polícia Ambiental que percorrerá as
linhas e carreadores que foram invadidos pelo limite
da Reserva. Também será construído um posto de
vigilância permanente na região para hospedar os
agentes, fiscais e policiais nas incursões pela área, intensificando a presença.

Não podemos mais permitir que a cada eleição, haja um incremento de áreas públicas invadidas, seja unidade de conservação e/ou terras indígenas, com promessas enganosas para sustentar campanhas eleitorais. Precisamos através de ações institucionais com parcerias, como esta operação, desmontar as quadrilhas e grupos organizados de grileiros profissionais, madeireiros e políticos criminosos. Também é necessário um ordenamento territorial, regularizando as propriedades do entorno das unidades e de todo o estado, para que possamos evitar o crime ambiental antes que ele aconteça.

Vale a pena salientar a disposição de todos os órgãos, departamentos e pessoas envolvidos que puderam tornar realidade esta grande operação e mostrar que é nessa articulação que sentimos a força e o poder destes grandes órgãos que juntos podem mudar esta triste realidade de destruição do nosso patrimônio natural.

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