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Quinto trabalhador rural é assassinado em 20 dias no Pará

FSP, Poder, p. A12
15 de Jun de 2011

Quinto trabalhador rural é assassinado em 20 dias no Pará
Obede Loyola Souza não fazia parte de movimentos sociais; polícia não vincula caso ao conflito agrário
Crime aconteceu no sudoeste do Estado, região que recebeu força-tarefa federal para evitar violência

Felipe Luchete
De Belém

Foi confirmado ontem o assassinato de mais um trabalhador rural no Pará. É o quinto caso no Estado em menos de 20 dias.
Obede Loyola Souza, 31, foi morto com um tiro de espingarda no último dia 9, segundo a CPT (Comissão Pastoral da Terra), braço da Igreja Católica no campo. O corpo foi encontrado dois dias depois e enterrado ontem.
A Polícia Civil confirma o assassinato, mas diz que a perícia ainda não informou a data exata do crime, a arma utilizada e o número de tiros.
A vítima morreu perto da casa onde morava com a mulher e os três filhos no acampamento Esperança, em Pacajá, no sudoeste do Estado. A cidade fica entre os municípios de Marabá e Altamira, que receberam na semana passada uma força-tarefa federal para investigar e evitar crimes no campo.
Souza não fazia parte de movimentos sociais e, segundo a polícia, estava sozinho no momento do crime.
De acordo com a CPT, no início do ano Souza e outros moradores da área discutiram com representantes de madeireiros responsáveis pela extração de madeira ilegal.
A comissão diz ainda ter recebido relatos sobre a presença de quatro homens em uma caminhonete preta na área do acampamento no dia da morte.
Mas para a Polícia Civil não há indícios de que o crime esteja vinculado a conflito agrário. Desavenças da vítima com pessoas de dentro do acampamento seriam a causa mais provável. Um suspeito já foi identificado.
O Ministério da Justiça declarou que a força-tarefa seria encaminhada a Pacajá caso houvesse pedido do governo estadual. Procurada, a Secretaria Estadual de Segurança não informou se faria a solicitação.

VIOLÊNCIA
Há três semanas, o casal de ambientalistas José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo foi assassinado. Eles moravam num assentamento extrativista em Nova Ipixuna (sudeste do Estado) e denunciavam práticas ilegais no local.
A investigação corre em segredo de Justiça. Até agora, ninguém foi preso.
Após a morte do casal, os corpos de dois homens foram encontrados foram encontrados no mesmo assentamento, que fica no município de Eldorado do Carajás.
A polícia diz, no entanto, que não tem indícios de que os casos tenham origem em conflitos pela terra.
Um dos mortos foi identificado como foragido da Justiça do Maranhão.

FSP, 15/06/2011, Poder, p. A12

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po1506201122.htm

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