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Quilombos

Vida Simples, p.48-53
31 de Out de 2004

Quilombos

A descoberta de um Brasil diferente
Um quilombo é mais do que uma comunidade de descendentes de ex-escravos africanos. Cada um desses povoados fundados por escravos fugidos ou alforriados contém um Brasil diferente,mais ou menos isolado das idéias e tecnologias que mudaram o país desde a abolição, há mais de um século. A contabilidade oficial, baseada nos registros de terra, soma pouco mais de 700 quilombos Brasil afora. Mas há mais, alguns tão isolados que nem sabem que a Constituição Ihes garante a posse do chão que habitam. As fotos destas páginas foram feitas no quilombo de Ivaporunduva, no Vale do Ribeira, em São Paulo, onde vivem cerca de 260 pessoas. 0 quilombo existe há mais de 300 anos, mas o contato com o mundo de fora só se firmou a partir de 1997, graças à ONG Instituto Socioambiental. A abertura provocou transformações profundas na vida dos ivaporunduvenses, que agora discutem temas como geração de renda e desenvolvimento sustentado e trabalham seriamente na comercialização do que produzem, da banana orgânica ao artesanato. Boa oportunidade para visitar e conhecer suas festas, suas danças e seu rico trabalho manual com palha de bananeira.

Espirito Comunitário
A comunidade é o centro da vida dos moradores de Ivaporunduva. Nela os quilombolas compartilham, sem parcimônia, o que fazem e produzem. E é por meio da comida que eles demonstram sua generosidade. Juntos, pescam e cuidam de suas roças. Lá é possível encontrar arroz, feijão, mandioca, milho e outras pequenas culturas. A produção é comunitária, a colheita e os peixes são repartidos entre todos. Para o solo não cansar, alternam as áreas de cultivo. E assim sobra oportunidade para todos plantarem. Sempre tem comida no fogão de lenha e disposição para sorrir na janela.
Diferença valiosa
Preservar o que possuem é outro ponto de honra para os quilombolas. E isso se estende da terra para as tradições. Como viviam isolados há até pouco tempo, somente agora é que eles estão despertando para a importância de conservar alguns traços de sua tradição. Longe, porém, de se isolar, eles querem agora marcar suas diferenças para ter o que oferecer na troca. A população é alegre: conversam muito, gostam de receber visitas em suas casas. Lá chegando, falam muito do que aprenderam com o que os antepassados trouxeram da África. Com isso, valorizam a identidade de seu povo, conscientizando-se de que são diferentes e têm uma história própria. Assim, pegam as rédeas de seu destino.
Para saber mais
Instituto Socioambiental, http://www.socioambiental.org/prg/rib.shtm
Fundação Cultural Palmares, www.palmares.Rov.br

Vida Simples, out./2004 n. 21 SP Abril, p. 48-53

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