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Quilombolas conhecem trabalho de extrativistas do Acre com castanha

Serviço florestal Brasileiro - http://www.florestal.gov.br
19 de Jul de 2011

Duas realidades bastante distintas de manejo da castanha se encontraram em um intercâmbio promovido pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB). Os quilombolas que moram no entorno da Floresta Nacional Saracá-Taquera, no Pará, foram conhecer o trabalho da Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre (Cooperacre), um dos maiores produtores da castanha no país, com o objetivo de desenvolver a atividade produtiva na comunidade tradicional.

O SFB apoiou o intercâmbio como forma de promover o desenvolvimento socioeconômico de comunidades extrativistas através da comercialização de produtos não madeireiros. Os quilombolas têm enfrentado dificuldades para obter renda da castanha. Este ano, a safra gerou cerca de 700 caixas do produto, número bem abaixo das 10 mil caixas que eles chegaram a colher três anos atrás.

Com a produção em baixa e o alto custo do transporte, o número de famílias envolvidas na atividade caiu de 120 para 75. Só o frete para Óbidos, cidade onde as castanhas são comercializadas, custa R$ 1.400. "Queremos mudar nossa realidade", afirma o presidente da Associação dos Moradores da Comunidade Quilombos de Cachoeira Porteira (Amocrec), Ivanildo Carmo de Souza.

Intercâmbio

A experiência do Acre mostrou que é possível superar os gargalos com organização e persistência. Os extrativistas, que estavam distribuídos em organizações próprias, uniram todas elas em torno de uma central - a Cooperacre. Juntos, foram em busca de crédito, assistência técnica, organização da cadeia produtiva e investimentos em infraestrutura. Conquistaram, assim, apoio do governo local e de instituições como Banco da Amazônia e BNDES.

Dez anos após sua fundação, a Cooperacre reúne 30 associações e cooperativas, de quem compra a produção, o que evita atravessadores. Sua capacidade de aquisição, que era de 100 mil latas de castanha em 2008, passou para 300 mil latas no ano seguinte. Já a sua estrutura abrange cerca de 10 armazéns e uma usina de beneficiamento em Brasiléia (AC) que permite a produção de 1,2 milhão de quilos de castanha por ano.

Ao ver na história dos quilombolas a repetição de situações semelhante às que vivenciaram, os representantes da Cooperacre contaram sua trajetória e fizeram sugestões. Entre elas, que o grupo se fortaleça e se mobilize para ter um barracão de armazenamento. Isso permite estocar a produção e vender as castanhas no final da safra, quando o produto alcança preços melhores.

"Um dos objetivos da visita era mostrar que existem dois parceiros fortes que estão de portas abertas para apoiar os extrativistas quilombolas no seu desenvolvimento socioeconômico. Um é Cooperacre e o outro é o Serviço Florestal Brasileiro", afirma o técnico da Gerência de Florestas Comunitárias do SFB Fernando Ambrózio.

Para o presidente da Amocrec, a visita trouxe uma nova perspectiva. "Foi uma injeção de ânimo para quem mora numa comunidade e passou por essa experiência", diz Souza. As informações da viagem foram repassadas para os demais quilombolas em uma reunião no sábado, 16.

Planejamento

As decisões dos quilombolas ajudarão a finalizar o plano de negócios da castanha que o Serviço Florestal realiza para a comunidade. Esse documento é feito com base no objetivo dos comunitários em relação à atividade produtiva e visa analisar custos, cenários, investimentos e dar opções para se escolher como desenvolver o negócio.

"O plano de negócios não toma a decisão pelos comunitários, mas indica quais os caminhos viáveis a serem seguidos. Sem um bom plano de negócios, podem ocorrer imprevistos, riscos desnecessários e conflitos que podem minar o sucesso do empreendimento", diz o técnico da Gerência de Florestas Comunitárias do SFB Daniel Mendes.

Para o próximo ano, as perspectivas dos quilombolas já são melhores. Os castanhais estão cheios. "Estamos planejando uma safra rica", diz Ivanildo de Souza.

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