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QUESTÕES INDÍGENA LOCAL IV

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
Autor: Riobranco Brasil
17 de Fev de 2003

Hoje o Governo Estadual tem promovido uma considerável melhoria na qualidade de vida do índio, inclusive, construindo escolas, colocando unidade geradora de energia elétrica, parabólicas, veículos para transporte, pequenos tratores, preparação de áreas para o cultivo diversos de produtos agrícolas, cujos investimentos, seriam de obrigação do Governo Federal, através da FUNAI.
O Governo Estadual investe nas comunidades indígenas somas vultuosas na infra estrutura, na educação, no esporte, na produção agrícola; cria uma Secretaria específica do índio para cuidar melhor dos enormes problemas de suas comunidades; presta-lhes assistência médica hospitalar, etc., com o fito de ajustar a multiplicidade de culturas, multiétnicas, cada uma com o seu "modus vivendi" e, consequentemente, com grandes desigualdades sócioeconômicas. Boa Vista, a bela cidade de Boa Vista, que fora outrora o local da aldeia dos Paravianas ou Paravilhanas, assim denominados pelos Aruwak ou Arawak, e que significa "habitantes do rio", agasalha seus co-irmãos que sem o zelo e o respeito que deveriam ter em suas aldeias, são atraídos para a grande cidade onde são enganados pelos espertos que colocam o índio a seu serviço e daqueles que pagam para promover tamanha mazela, e mais, jogando uma sociedade contra a outra. É notório e sabido que na cidade de Boa Vista vive, não menos, do que 40% (quarenta por cento) da população indígena deste Estado. É sabido e notório que a população indígena não vai além dos 30.000 ( trinta mil ) índios em todo o Estado, dos quais, mais de 30% ( trinta por cento) são mestiços, isto é, pai, mãe, avôs e bisavôs caucasianos. Hoje, mais de 90% ( noventa por cento ) do índio que compõe a bela civilização Pemón, habitante dos campos e redondezas do Monte Roraima, está integrado à comunhão nacional. Fala, escreve e lê o português. Muitos falam o seu idioma, o inglês, holandês e o francês. Em suas comunidades estão instaladas antenas parabólicas, através das quais, apreciam os programas dos diferentes canais. Em algumas delas existem instalados telefones públicos de onde o índio pode falar com qualquer lugar do mundo...
Mas, a quem, afinal, interessa manter este estado de confusão? Por que, afinal, o índio passou a ser o centro das atenções como pertencente aos grupos das minorias discriminadas, na avaliação dos interesses internacionais? Por quê?
Como o cisma que dividiu a Igreja, querem separar, dividir o convívio construído ao longo dos 352 anos de história do nosso Estado, cujas lutas foram feitas de muitos sacrifícios e de muitas perdas de ambos os lados. O que foi feito no passado, está feito e fora feito dentro dos aspectos jurídico vigentes, embora minha posição seja contrária as estupidezes praticadas contra o índio denominadas "guerras justas ofensivas", e as "guerras justas defensivas", tão necessárias (do ponto de vista do Estado e da Igreja à época das conquistas) para manter a soberania e a unidade da vastíssima terra conquistada. O resgate, outro procedimento imoral, que tinha o índio como propriedade tanto do regional trabalhador, quanto da Igreja que o utilizava como mão-de-obra escrava. Quando o pobre índio conseguia fugir do trabalho forçado e pesado era caçado como um animal, pois os seus "proprietários" não podiam perdê-lo. Mas era o próprio Estado e a própria Igreja que assim agiam para se imporem e dominarem os nativos que eram predominantes na terra recém descoberta.
As Guerras Santas praticadas, legitimamente pela Igreja, eram invocadas para matar os infiéis e expandir a sua fé. Aqui, não foi diferente. Se o índio não aceitasse a pregação do Evangelho, dentre outras razões, a guerra contra ele era justa. Segundo a Igreja, esta mesma igreja que está por trás de todo esse processo, procurando revê as suas atitudes passadas, dizia que o índio não tinha alma. Ajudou e participou com os conquistadores da destruição e massacre das belas e prósperas civilizações por eles encontradas no Novo Mundo. Por onde passaram foram destruindo civilizações inteiras como as dos Astecas, Maias, Incas e outras tantas por esse mundo afora.
Mas, como então, ajustarmos tantos interesses antagônicos? A questão indígena local está historicamente e juridicamente atrelada à questão fundiária do Estado de Roraima. Ela é uma questão nacional, é uma questão do Brasil!!! Só pode ser resolvida por autoridades brasileiras e com a participação dos nativos que integram os diferentes Conselhos indígenas e com a participação efetiva do Estado de Roraima. O governador bem que poderia criar um Conselho ou um Fórum composto por profissionais competentes ligados a questão indígena, pessoas com notáveis saber, com líderes indígenas que não concordam com tudo que aí está, onde fossem feitas propostas, debates e de onde saíssem os documentos se contrapondo aos absurdos que temos e estamos vendo. A questão indígena do Estado de Roraima, não pode ser resolvida com a interveniência da Igreja e de grupos de interesses estrangeiros. Não é dividindo, separando do convívio as diferenças existentes, que se encontrará a solução para a questão indígena local. É no convívio das diferenças sócioeconômicas, religiosas, políticas e culturais que se encontrará uma solução pacífica, duradoura e equilibrada. Entendo que, bem ou mal, passamos por um processo de integração onde as partes, hoje litigantes, estão dentro de um território denominado, "República Federativa do Brasil formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal" (...), que é constituído por 26 unidades federativas, dentre as quais, está incluso o Estado de Roraima.

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