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Queimada Grande

OESP, Fórum dos Leitores, p. A3
Autor: LOPES, Alvaro
15 de Mar de 2004

Queimada Grande

A respeito da reportagem A Queimada Grande pode virar parque (10/3), quero notar que amplos segmentos da sociedade estão tomando posição contra essa iniciativa, em razão de graves prejuízos econômicos e sociais que o parque poderá acarretar, além de não trazer vantagem ambiental significativa. A alegação do Ibama de que a intenção é proteger a jararaca-ilhoa carece de significado, na medida em que a ilha é deserta justamente em função da alta periculosidade da citada espécie de cobra.
Ninguém que tenha bom senso desembarca nessa ilha e, se existe risco de contrabandistas "roubarem" cobras para exportá-las, isso deve ser resolvido pela simples fiscalização, uma vez que a Queimada Grande já é área de relevante interesse ecológico e, portanto, já deveria estar protegida. Além disso, como os próprios ambientalistas afirmam, a vida marinha é riquíssima ao redor da ilha, o que prova que a pesca e visitação náuticas, que ocorrem há décadas na área, é completamente sustentável, não causando nenhum dano ao meio ambiente. Além disso, todas as demais ilhas oceânicas ao largo do litoral sul de São Paulo já estão protegidas, não existindo, à exceção da Queimada Grande, mais opções de lazer, passeio e pesca em centenas de quilômetros (de Bertioga a Cananéia). As colônias de pesca artesanal de Itanhaém e Peruíbe já se manifestaram contra o parque, assim como todos os clubes, garagens náuticas e marinas da Baixada Santista, federações de pesca (reunindo milhares de esportistas), mergulhadores, políticos e muitos mais.
Ninguém é contra proteger nosso ambiente marinho, mas proibi-lo ao ser humano em detrimento de toda uma coletividade é, no mínimo, um grande erro.

Alvaro Lopes (fpps-alvaro@uol.com.br), São Paulo

OESP, 15/03/2004, Fórum dos Leitores, p. A3

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