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'Que continuem até achar minha mãe', diz filho de desaparecida em avião com índios na Amazônia

G1 https://g1.globo.com/
Autor: John Pacheco e Arilson Freires
08 de Dez de 2018

Após seis dias sem notícias ou indícios, a tristeza e a aflição tomam conta dos parentes dos sete indígenas e do piloto do avião que está desaparecido desde domingo (2) na Floresta Amazônica, num trecho entre o Amapá e o Norte do Pará. O isolamento da aldeia Matawaré, de onde partiu o voo, é um dos fatores que dificultam as buscas pela Força Aérea Brasileira (FAB).

Em Macapá, numa casa de apoio para indígenas, está Sataraki Akuriyó, que acompanha pelo rádio as informações sobre as buscas, todas sem resposta. Ele é filho da passageira mais velha do voo, uma índia aposentada que viria para a capital para resolver pendências previdenciárias de rotina.

"Estão dizendo no rádio, que eles [FAB] querem parar as buscas. Quero que continuem até achar minha mãe e meu parente. Muito difícil falar disso, porque a única coisa que ouvi foi isso. Minha mãe não vou ver mais, por isso queria encontrar ao menos o avião ou o corpo falecido. Desde que eles caíram estou sofrendo muito", limitou-se a dizer Akuriyó, bastante abalado.
O filho aumentou a preocupação após receber informações de que as buscas poderiam ser suspensas. A FAB descartou a possibilidade e diz que a procura com a ajuda de um avião e um helicóptero prosseguem normalmente neste sábado (8) pelo sexto dia consecutivo.

Além da mãe de Akuriyó, está um genro dela, além de uma família da etnia Tiriyó, sendo um professor, a esposa e os três filhos, os menores de 2 e 4 anos. Eles partiram da aldeia com destino a cidade de Laranjal do Jari no Sul do Amapá. O avião era pilotado pelo piloto Jeziel Barbosa de Moura, que tem mais de 30 anos de experiência.

A região é de difícil acesso e o transporte aéreo é a única forma de se chegar as aldeias. Em função da geografia da região, a maior parte do trajeto é feito em território paraense, pela cidade de Almeirim.Perda de contato
Vinte e cinco minutos após sair da aldeia, o piloto disse a outro piloto da empresa que precisaria fazer um pouso de emergência. Foi a última comunicação. Os índios fazem o voo das aldeias até Laranjal do Jari e de lá fazem uma viagem de carro de cerca de 4 horas até Macapá.

A Fundação Nacional do Índio (Funai) classificou o voo como clandestino, já que não houve o acompanhamento pelo controlador, além da falta do plano de voo. Para a Articulação dos Povos Indígenas do Amapá e Norte do Pará, a falta de regularização das pistas na região precariza a situação das viagens.

As mesmas pistas são usadas, além das viagens particulares, em voos para atendimentos de saúde e sociais, coordenados pelo Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei). A necessidade de regularização motivou uma ação do Ministério Público Federal (MPF) que exige da Anac a não cobrança para homologação desses espaços.

Em novembro, a Justiça Federal determinou que a Agencia Nacional de Aviação Civil (Anac) está impedida de cobrar taxas ou qualquer valor para registro ou regularização de pistas de pouso localizadas em áreas indígenas.

De acordo com o MPF, em todo o Brasil existem 249 pistas de pouso não regularizadas em terras indígenas. No Amapá são 17 pistas irregulares, usadas pro transporte de profissionais da saúde, da educação e dos próprios indíos.

O MPF calcula que os custos pra regularizar as pistas em terras indígenas girem em torno de R$ 11 milhões. A Funai e a Secretaria de Saúde Indígena alegam que não tem orçamento pra executar esses projetos.

https://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2018/12/08/que-continuem-ate-acha…

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