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Quatro homens continuam desaparecidos em Rondônia depois de dois dias de buscas. Investigadores suspeitam de briga por r

Correio Braziliense-Brasília-DF
Autor: Marina Oliveira
15 de Jan de 2002

Glênio Alvarez , presidente da Funai, investiga envolvimento dos fiscais no contrabando de diamantes

A Polícia Federal encontrou um corpo de garimpeiro morto dentro da reserva indígena de Roosevelt, a 190 quilômetros de Porto Velho, em Rondônia. Quatro pessoas continuam desaparecidas na região. Este foi o episódio mais violento registrado desde a descoberta pelos índios de um veio de diamante em suas terras no início de 2001. No ano passado inteiro, houve quatro mortes de garimpeiros na disputa pelo controle das pedras.
Menos de um mês depois de abandonar o policiamento da reserva, a Polícia Federal e a Fundação Nacional do Índio (Funai) tiveram de voltar ao local. Em fevereiro passado, começou uma operação conjunta do Ibama, PF e Funai para retirar os quase três mil garimpeiros trabalhando ilegalmente na região. Foram apreendidos equipamentos e diamantes e 80 pessoas acabaram presas.
''Saímos em dezembro e houve um retorno dos garimpeiros ao local numa velocidade impressionante'', diz Valdinho Caetano, delegado da PF e coordenador das investigações em Roosevelt. Segundo Caetano, a maior parte das pessoas vem do Norte e Nordeste. A proximidade com outras áreas de garimpo também dificulta o controle sobre a região.

Corrupção oficial
A Funai e a Polícia Federal negam oficialmente, mas existe suspeita de participação de uma multinacional canadense na extração dos diamantes. A empresa estaria contribuindo para o aumento da violência, equipando com armas e dinheiro alguns grupos de garimpeiros. A briga pelo controle dos melhores campos de exploração explicaria a escalada da violência a partir da saída da PF da região.
Os próprios índios e alguns funcionários da Funai e do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) montaram um esquema de corrupção para contrabandear as pedras. Dois servidores da Funai estão presos em Mato Grosso. A partir de relatório de uma comissão interna, o presidente da Funai, Glênio Alvarez, determinou a abertura de um processo disciplinar para determinar o grau de participação dos fiscais na máfia.
Pelas investigações feitas até o momento, os servidores da Funai cobravam entre R$ 10 mil e R$ 18 mil para instalar a máquina de diamantes na reserva. A área de Roosevelt está entre as maiores jazidas da pedra encontradas até hoje no Brasil. Os garimpeiros também ficariam obrigados a pagar 30% de tudo que encontrassem aos fiscais. Uma parcela desse dinheiro era usada para subornar líderes indígenas coniventes com o esquema de corrupção. Os fiscais também são acusados de torturar quem se recusasse a pagar esse ''pedágio''. Outros dois servidores presos foram liberados pela polícia por falta de provas.
''Para evitar mais violência, colocaremos imediatamente pelo menos 80 homens para fazer a segurança da reserva'', afirma o delegado da PF. Uma força pequena para fiscalizar uma área de quase 1 milhão de hectares, inacessível por via terrestre. Dois helicópteros das Forças Armadas foram cedidos para sobrevoar a reserva e localizar os garimpeiros desaparecidos. A primeira ossada foi achada pela PF, no domingo.

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