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Quatro capitais da Amazônia tratam a floresta de formas bem diferentes

G1 - http://g1.globo.com
20 de Jul de 2010

Na segunda reportagem da série sobre a Amazônia Urbana, que o Jornal Nacional está apresentando essa semana, Alberto Gaspar e Laércio Domingues mostram como quatro capitais da região se desenvolveram e o impacto desse crescimento sobre a floresta.

Manaus
Quatro capitais bem diferentes, em sua relação com a Amazônia. A metrópole, Manaus cresce desordenadamente, em torno de indústrias desligadas da floresta.

Porto Velho
Já Porto Velho, passou por cima dela. Também cresce violentamente, para cima. Belém, com sua arquitetura colonial, é mais amazônica. Se alimenta com seus sabores e sua história.

Rio Branco
Rio Branco aposta na floresta, em evoluir de mãos dadas com ela. Mãos que criam biojoias com sementes como a da jarina, conhecida como o 'marfim vegetal', produtos para boutiques do Rio, de São Paulo e para exportação.

"Você lida com materiais que vêm da floresta, com materiais que trazem um conceito de sustentabilidade e que estão evitando o desmatamento", diz o seringueiro Pedro Pontes da Silva.

Raimundo é fornecedor de matéria-prima. O pó de serra acabava com os pulmões do ex-carpinteiro. As sementes só trouxeram progresso. Ele começou com uma máquina de beneficiamento, agora, já emprega parentes e vizinhos de uma comunidade."Tirar uma coisa do mato pra transformar numa coisa assim, para mim é uma maravilha", comemora Raimundo.

Zona Franca de Manaus
Boa parte dos eletro-eletrônicos é montada em uma base da Zona Franca de Manaus. Ela não vive da floresta, mas ajudou o Amazonas a manter de pé 98% da mata."Se o Polo Industrial de Manaus não existisse, o desmatamento do Amazonas seria, nó mínimo, 70% maior e, no máximo, 85%", afirma o professor da Universidade da Amazônia, José Alberto da Costa Machado.

A floresta está de pé, mas na cidade de Manaus, falta verde. Já são quase 2 milhões de habitantes. As periferias surgem extremamente pobres. No Centro, favelas surgem em torno dos igarapés, que são pequenos braços de rios."Aqui era tudo areia, praia, não tinha nada desse lixo", lembra o ajudante de caminhão, Armindo Nascimento. Só recentemente algumas das áreas começaram a ser reurbanizadas e revalorizadas.

Mas se Manaus ignorou a floresta, a capital de Rondônia passou por cima dela. Num estado com quase 40% de desmatamento, ela nem parece amazônica. "A forma original de exploração da região amazônica e, principalmente no estado de Rondônia, foi: 'vem pra cá, derrube a floresta e comece a produzir', revela o prefeito de Porto Velho.

Porto Velho nasceu há mais de um século como ponto de apoio e de partida para uma obra de engenharia monumental para a época. A Ferrovia Madeira Mamoré até a fronteira com a Bolívia. Era o auge do ciclo de exploração da borracha. Hoje, a cidade respira, cresce, se verticaliza, como em um edifício de 20 andares, principalmente em função de outras duas grandes obras de engenharia.

A construção das hidrelétricas de Santo Antônio e Girau movimenta a economia de Porto Velho e atrai milhares de trabalhadores. O casal de pedreiros, Gildo e Rosana, morava nos Estados Unidos. "Quando começou a crise, falaram 'vão embora, no Brasil está bom'. O que mais se fala lá é Porto Velho, a usina", conta Gildo.

Com a explosão imobiliária, já faltam operários e até corretores para vender os apartamentos depois. Aluguel então, com tanta gente chegando... "Um apartamento de três dormitórios pode chegar a R$ 3,5 mil o aluguel", diz o presidente do Creci/RO, Flaézio Lima de Souza.

Três séculos mais antiga do que Porto Velho, Belém nasceu para ser capital de uma região que, para os portugueses, nem era Brasil, era Grão-Pará. Ela nunca se recuperou direito do fim do ciclo da borracha, mas segue sendo um centro comercial importante e uma cidade profundamente fluvial. Amazônica, com a floresta e a história muito próximas e bem cuidadas. Um bom lugar para se pensar no futuro da região.

"Essa visão patrimonial remete à memória das pessoas que moraram e moram aqui e isso, além de massagear a auto-estima de todo mundo, dá sensação de que, sabendo de onde viemos, fica mais fácil determinar para onde vamos", declara o arquiteto e urbanista Paulo Fernandes.

http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2010/07/quatro-capitais-da-…

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