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Quase 50 ligados a Dorothy sofrem ameacas no Para

FSP, Brasil, p.A23
04 de Dez de 2005

Acusados de matar freira em fevereiro vão a julgamento no dia 9
Quase 50 ligados a Dorothy sofrem ameaças no Pará
Kátia Brasil
Da agencia Folha, em Anapu (PA)
Mais de nove meses depois do assassinato da freira americana naturalizada brasileira Dorothy Stang, ocorrido em 12 de fevereiro deste ano, sindicalistas, trabalhadores rurais e religiosos ligados à missionária na questão agrária continuam ameaçados de morte em Anapu, no oeste do Pará.
No dia 9, os dois acusados de assassinar a religiosa a tiros, numa emboscada (Rayfran das Neves Sales, 28, e Clodoaldo Carlos Batista, 30) irão a julgamento em Belém, onde estão presos.
No relatório "Violação dos Direitos Humanos na Amazônia; Conflito e Violência na Fronteira Paraense", da ONG Justiça Global, são listados quase 50 nomes que correm risco de morte.
Um dos ameaçados é o padre Amaro Lopes de Sousa, 39, um dos coordenadores que substituíram a missionária na Comissão Pastoral da Terra. "Uma mulher ligou dizendo que havia três vermes para serem retirados: eu, o Chiquinho [Francisco de Assis dos Santos Souza, presidente licenciado do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Anapu] e o Gabriel [Domingos do Nascimento, atual presidente]."
Em outubro, Francisco Souza foi ameaçado de linchamento por um grupo de trabalhadores contrário ao Projeto de Desenvolvimento Sustentável, que visa assentar sem-terra. Segundo o padre Amaro, as ameaças não se concretizam por causa da presença do Exército. Mas, na manhã de sexta, quando falou com a Folha, o religioso estava apreensivo.

Túmulo é ponto de peregrinação
O Centro de Formação São Rafael, onde está enterrado o corpo da missionária Dorothy Stang, fica a cerca de um quilômetro do centro de Anapu. Para chegar até ele, é preciso passar pela rodovia Transamazônica e caminhar por uma ponte de madeira de 70 m, que atravessa o rio Anapu.
Desde o crime, o centro se tornou um ponto de peregrinação de admiradores. Sem-terra, amigos, religiosos e até caminhoneiros fazem o trajeto a pé para visitar o túmulo da irmã. "Venho todos os dias para limpar, rezar, conversar com ela. A missão dela não acabou", diz Rosário de Souza Guzzo, que, com a freira, fundou uma associação que desenvolve projetos extrativistas para os sem-terra.

FSP, 04/12/2005, p. A23

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