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PT pode expulsar prefeita de município de Roraima acusada de seqüestro

Rondonotícias-Porto Velho-RO
17 de Jan de 2004

O presidente nacional do PT, José Genoino, disse ontem que a prefeita de Uiramutã, Florany Mota (PT), pode ser expulsa do partido caso seja comprovada sua participação no seqüestro de três religiosos na reserva Raposa/Serra do Sol, em Roraima.

Ontem, em nota enviada às direções nacional e estadual do PT, a Diocese de Roraima acusou a prefeita de ter cedido um caminhão da prefeitura para ser utilizado pelos índios que realizaram o seqüestro, ocorrido no último dia 6.

Na madrugada daquele dia, um grupo formado por indígenas e fazendeiros contrários à homologação da área da reserva (que engloba a área do município de Uiramutã) seqüestrou os padres Cézar Avellaneda, Ronildo Pinto França e o missionário Juan Carlos Martinez, membros da congregação da Consolata.

Eles estavam na região do Surumu, próxima ao município, e foram levados para a aldeia Contão, onde permaneceram até serem soltos, na quinta-feira da semana passada.

O presidente do PT disse ontem que "se a prefeita fez isso (emprestar um veículo da prefeitura para um grupo de seqüestradores), é inaceitável para o PT. Portanto, se ela fez e tiver como a gente saber, tomaremos as medidas cabíveis."

Segundo Genoino, caso a denúncia seja confirmada, o PT pode expulsar Florany Mota com base no estatuto do partido.

Questionada sobre a posição do líder nacional do partido, a prefeita de Uiramutã disse que está tranqüila e que não tem nada a ver com essa acusação.

Ela negou que tenha sido utilizado um caminhão da prefeitura durante as manifestações contrárias à demarcação da reserva indígena.

Inquérito

O Ministério Público Federal abriu hoje inquérito civil para investigar a atuação das missões religiosas e ONGs (organizações não-governamentais) estrangeiras que atuam dentro da área da Raposa/Serra do Sol.

O inquérito foi aberto a pedido de índios ligados a entidades contrárias à demarcação contínua da reserva. A investigação foi uma das condições impostas pelos índios para desfazer um bloqueio na ponte do Cotingo, no município de Uiramutã, que fica dentro da área.

Desde terça-feira, cerca de 30 índios selecionam quem entra ou sai da área. Eles chegaram a bloquear também as entradas da reserva pelos municípios de Pacaraima e Normandia.

Hoje, o procurador Darlan Dias pediu aos líderes do movimento que não impeçam a entrada de índios que são a favor da demarcação contínua, de funcionários da Funai (Fundação Nacional do Índio) e de agentes de saúde. "Se eles restringirem a passagem dessas pessoas vamos entrar com uma ação judicial", afirmou.

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