VOLTAR

Protocolo de Kyoto pode estar ameacado com rejeicao da Russia

OESP, Geral, p.A12
03 de Dez de 2003

Protocolo de Kyoto pode estar ameaçado com rejeição da Rússia Conselheiro do presidente Putin deu indícios de que o país não vai assinar o acordo

MOSCOU - O Protocolo de Kyoto pode estar por um fio. Um conselheiro do governo russo anunciou ontem que seu país não tem condições de assinar o acordo, que visa a reduzir as emissões de gases do efeito estufa na atmosfera. "O Protocolo de Kyoto impõe limitações significativas ao crescimento econômico da Rússia", disse Andrei Illarionov, conselheiro para assuntos econômicos do presidente Vladimir Putin. "Em sua forma atual, esse protocolo não pode ser ratificado."
Desde que os EUA abandonaram o protocolo, em 2001, a adesão da Rússia tornou-se obrigatória para que o acordo possa entrar em vigor.

Representantes de 180 países estão reunidos até o dia 12 em Milão, na Itália, para discutir a mitigação das emissões de gases relacionados ao aquecimento global, principalmente o dióxido de carbono (CO2). A Organização das Nações Unidas, que coordena as negociações, disse que as declarações de Illarionov - cujo ceticismo é conhecido - não significam uma rejeição formal da Rússia.

Para entrar em vigor, o protocolo precisa ser ratificado por um total de países que represente 55% das emissões de CO2 do mundo desenvolvido. Até agora, as adesões somam 44%. A Rússia, com 17% das emissões, é a única capaz de preencher a cota, já que os EUA (36%) se retiraram do processo.

Em Brasília, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também criticou a posição russa. "É lamentável que os países que têm maior responsabilidade neste processo se recusem a ratificar o texto."

Atraso - Enquanto isso, 13 das 15 nações européias que já ratificaram o protocolo dificilmente conseguirão cumprir suas metas. A União Européia se comprometeu a reduzir as emissões em 8% até o período de 2008 a 2012, com base nos níveis de 1990. Só Suécia e Grã-Bretanha estão em condições de cumprir esse objetivo. A Espanha é a mais atrasada, com Dinamarca, Áustria, Bélgica e Irlanda.

"A não ser que façamos mais, a UE como um todo e a maioria de seus Estados não alcançarão as metas de Kyoto", disse a comissária de Meio Ambiente, Margot Wallstrom. "Isso é sério. O tempo está se esgotando." Sem nenhuma nova medida de mitigação, disse ela, a redução será de apenas 0,5% até 2008.

OESP, 3/12/2003, p. A12

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.