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Autor: Any Cometti
03 de Jan de 2014
Está marcado para este sábado (3), um protesto na altura do bairro Maria Ortiz, em Vitória, em defesa do manguezal da Ilha do Lameirão e do Canal dos Escravos. Os organizadores prometem bloquear o canal para a passagem de barcos a motor e jet skys, como uma forma de chamar a atenção das autoridades ambientais a respeito da especulação imobiliária que ameaça o local. O principal empreendimento apontado por eles como uma ameaça ao manguezal é o condomínio Alphaville, que quer abrir uma passagem pelo Canal dos Escravos para a passagem de pequenas embarcações. O protesto foi marcado pelo Facebook.
O manguezal a ser protegido está dentro da Estação Ecológica Municipal Ilha do Lameirão (Emil). Em quase 30 anos de existência, a Estação nunca teve um plano de manejo. A Secretaria de Administração de Vitória (Semad) abriu recentemente o processo licitatório para a elaboração do plano. A entrega dos envelopes com as propostas poderá ser feita até a data e horário da abertura dos mesmos, dia 23 de janeiro próximo, às 9h30.
A Estação é ameaçada pelas pequenas embarcações que circulam sem autorização dentro da unidade de conservação, sobretudo aquelas que têm ligação com o condomínio Alphaville Jacuhy, na Serra, apontado como ameaça à conservação do bioma. O empreendimento pretende abrir uma passagem pelo Canal dos Escravos que é Área de Proteção Permanente, o que seria, segundo ambientalistas, o último suspiro do manguezal do Lameirão. O Estudo de Impacto Ambiental do empreendimento Alphaville confirmou a abertura de um acesso náutico que ligará o condomínio à baía de Vitória.
A Estação foi criada para preservar o remanescente da intensa ocupação urbana que acontecia na época na Grande Vitória, reflexo da chegada dos grandes empreendimentos desenvolvimentistas no Estado. A estação possui cerca de 92% de sua extensão coberta por manguezais que constituem, junto a vários outros, um dos maiores manguezais urbanos do mundo. Além dos mangues, cerca de 5 mil m² são de terra firma, coberta por restinga, denominada Ilha do Apicum, com vegetação predominante de orquídeas e bromeliáceas e, ainda, remanescentes de Mata Atlântica.
A Estação Ecológica Ilha do Lameirão também sofre, desde o começo do ano, com a extração irregular do molusco lambreta. O trabalho, que degrada o solo e a vegetação, é feito por marisqueiros da Bahia, que vêm para o Estado somente para realizar a extração dos moluscos, muito apreciados na culinária baiana e que, por não terem tanta aceitação entre os capixabas, são abundantes nos manguezais daqui. A extração praticada pelos baianos, que inclusive ensinam o ofício aos capixabas, é intensiva e prejudica o desenvolvimento de outras espécies animais e vegetais do mangue.Há, também, uso sustentável na área da Emil. Várias famílias de pescadores sobrevivem por conta da extração de mariscos e pela pesca.
Esses possuem a autonomia de entrar na reserva e extrair o sururu, molusco muito apreciado na culinária capixaba, de forma sustentável. Também há a atuação das Paneleiras de Goiabeiras, que dependem das cascas das árvores do mangue para que as panelas de barro, produto artesanal capixaba internacionalmente conhecido, sejam coloridas.
Na última semana, a Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura da Serra comunicou que o Canal dos Escravos será dragado. Os encaminhamentos foram tratados em uma reunião entre representantes das Prefeituras da Serra e de Vitória, do Instituto Estadual do Meio Ambiente (Iema), do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), e do Ministério Público do Espírito Santo (MPES). A prefeitura informou que a intervenção é necessária para dar vazão ao grande volume de água que o canal acumulou devido às fortes chuvas da última semana, das cheias do Rio Santa Maria e da encosta do Mestre Álvaro, e resultou no alagamento de 2 mil casas, aproximadamente. O trabalho começará pelo município da Serra e terminará na baía Vitória, onde o canal deságua.
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