VOLTAR

Protesto contra construção de cerca termina com violência

Folha dce Boa Vista-Boa Vista-RR
Autor: LUIZ VALÉRIO
25 de Jan de 2003

Imagens do cinegrafista Miro Lopes, da TV Roraima, mostram policiais apontando armas

Cerca de 2.500 pessoas realizaram ontem uma manifestação pela BR-174 em protesto ao deferimento da liminar concedida pela Justiça Federal, com base no pedido feito pelo Ministério Público, determinado a construção de uma cerca de 12 quilômetros em torno do município de Pacaraima.

Ao se aproximar da área onde será erguida a cerca de contenção, a multidão recebeu a determinação da Polícia Federal e da Polícia Militar para parar a manifestação. Como insistiram em marchar em direção ao local, logo foi gerado um tumulto entre manifestantes e policiais, que usaram bombas de efeito moral, balas de borracha e disparos para o alto. Pelo menos dez pessoas ficaram feridas.

O prefeito de Pacaraima, Hipérion de Oliveira (PDT), disse que a falta de informação foi o principal motivo que levou ao enfrentamento entre policiais e manifestantes. Ele alegou que ninguém na cidade tinha conhecimento sobre o que estava acorrendo e logo se espalhou o comentário de que os índios estavam começando a construir a cerca. "Logo que soube da notícia a população resolveu marchar em direção ao local", contou.

Desde quinta-feira, a Polícia Militar em atendimento a determinação judicial, enviou equipes do Força Tática e do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) para apoiar a ação da Polícia Federal em Pacaraima. Cerca de 40 policiais estão na região para manter a ordem e evitar conflitos entre índios e não índios. Ainda estão na região equipes da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Conforme informações prestadas pelo delegado da Polícia Civil de Pacaraima, Egídio Faitão, a população está revoltada com a liminar que garante a construção da cerca, mas a situação seria de tranqüilidade. "A princípio houve uma pequena insatisfação, mas foi logo contida", disse o delegado, sem relatar que disparos e bombas de efeito moral haviam sido utilizados.

Segundo ele, os moradores reclamam das organizações que alegam trabalhar pelos índios e da Funai, "que sempre fizeram o que quiseram em Pacaraima e a Justiça nunca se pronunciou. "Agora a Justiça Federal se decide pela construção de uma cerca em torno da cidade", comentou o delegado.

Sobre o fato da alegação feita pelo MPF de que a construção da cerca seria para evitar danos ao meio ambiente, os moradores afirmam que a maior agressão ao meio ambiente local está sendo feita pelos próprios índios e pela Funai, que estão retirando uma grande quantidade de madeira para construir a cerca que visa isolar o município de Pacaraima.

De acordo com o delegado Faitão, o desmatamento que o MPF alega ter ocorrido na área indígena é ocasionado pela intensa migração que verifica naquela região. "Como o prefeito [Hipérion Oliveira] não tem como dar terreno para os migrantes, devido Pacaraima não dispor de terras, o pessoal acaba invadindo a terra dos índios e provocando desmatamento", disse.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.