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Propostas para a Amazônia: sempre mais do mesmo

A Crítica - www.acritica.com.br
Autor: Gerson Severo Dantas
04 de Mai de 2010

A Amazônia entrou na agenda dos virtuais candidatos à Presidência da República, mas apenas com promessas de continuidade. José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV), os principais postulantes ao cargo de Luiz Inácio Lula da Silva, não apresentaram até o momento uma proposta inovadora de desenvolvimento para a região que ocupa 60% do território nacional.

No caso específico do Amazonas, as propostas oscilam entre a manutenção da Zona Franca de Manaus e a conclusão do projeto de extensão das linhas de transmissão da hidrelétrica de Tucurui e da estrada BR-319 (Manaus-Porto Velho). As diferenças, quando existem, são mínimas, de retórica ou de posturas.

Candidato favorito conforme todas as pesquisas de intenção de voto, o tucano José Serra apresentou a mudança mais significativa de discurso. Identificado com a indústria de São Paulo, que sempre teve um pé atrás com o Polo Industrial de Manaus, o tucano defendeu a perenização do modelo e, com salvaguardas ambientais, a conclusão da Manaus-Porto Velho.

Em entrevista recente ao canal Amazon Sat, José Serra basicamente repete Dilma, mas com um viés de crítica. Sobre a BR-319, por exemplo, ele disse que vai fazê-la, mas invoca uma alternativa ferroviária para os 400 quilômetros ainda não liberados para asfaltamento devido as questões ambientais. "Eu pretendo fazer essa ligação", disse, invocando um mantra muito parecido com aquele usado pelo ex-governador Eduardo Braga: "Se você levar em conta que a floresta é um patrimônio, ela vale, vale muito". É quase "o floresta em pé vale mais que derrubada". Serra também prometeu dar um gás no Plano Amazônia Sustentável (PAS), lançado por Lula em 2008. "Serão mantidos e efetivados. Não está errado, mas saiu pouco do papel". Ou seja, vai continuar Lula.

A mudança mais substânciaL, contudo, é a de perenização do PIM. "No governo, se eu chegar, vou tornar a Zona Franca perene", disse, para em seguida impor uma condicionante que passou despercebida pela maioria. "Depois as leis é que vão adaptando a Zona Franca à evolução do Brasil e da própria Amazônia".

No site Dilmanaweb, onde o PT expõe as propostas da candidatura, os principais verbos conjugados no link "Proposta" têm caráter de continuidade de governo. Sobre "Meio Ambiente", por exemplo, Dilma afirma que vai "fortalecer a proteção ao meio ambiente, reduzindo o desmatamento e impulsionando a matriz energética mais limpa do mundo; mantendo a vanguarda nacional na produção de biocombustíveis e desenvolvendo nosso potencial hidrelétrico; e cumprindo as metas voluntárias assumidas na Conferência do Clima, haja ou não acordo internacional". Em outro ponto que nos interessa da proposta, o de "Indústria", a candidatura volta a conjugar verbos de continuidade: "Aprofundar os avanços da política industrial e agrícola"; "Agregar valor a nossas riquezas naturais" e "Continuar mostrando ao mundo que é possível compatibilizar o desenvolvimento da agricultura familiar e do agronegócio". Em outras palavras, a candidatura petista, até o momento, oferece à região mais do mesmo.

http://www.amazonia.org.br/noticias/noticia.cfm?id=353703

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