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Promotor denuncia e pede prisão de 11 da máfia do mogno no Pará

Tribuna de Imprensa-Rio de Janeiro-RJ
13 de Fev de 2002

O promotor Mauro Mendes de Almeida, da comarca de Altamira, no Sudoeste do Pará, denunciou ontem à Justiça 11 madeireiros, a quem acusa de extração ilegal de mogno, caça e pesca predatória em terras públicas numa extensa área de mata densa na região do Rio Xingu.

Ele também pediu a prisão preventiva dos acusados, afirmando que todos pertenceriam a chamada "máfia do mogno". Esta é a primeira vez que o Ministério Público do Pará pede a prisão de madeireiros acusados de devastar florestas no Estado.

A maioria dos madeireiros acusados trabalha para Osmar Ferreira, tido como um dos "reis do mogno" da Amazônia ao lado de Moisés Carvalho.

Os dois foram denunciados em outubro do ano passado no relatório "Parceiros do Crime", elaborado pelo movimento ambientalista Greenpeace. Segundo o relatório, ambos controlam 80% do mercado dessa espécie ameaçada de extinção.

De acordo com o promotor, o indiciamento dos 11 acusados ocorre depois de intensa investigação sobre suas atividades ilegais na exploração de mogno e outras madeiras nobres na região conhecida por Terra do Meio, situada entre os rios Xingu e Tapajós, no Pará.

Em certo trecho da denúncia, o promotor relata que a quadrilha dispunha de aviões que eram utilizados nas cinco pistas de pouso clandestinas, medindo 600 x 100. Para a construção de cada pista foram destruídas 11 mil castanheiras adultas.

Além disso, os acusados tinham 38 caminhões, tratores e uma balsa, apreendidos em outubro do ano passado durante operação de fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) com o apoio de agentes da Polícia Federal.

Os madeireitos também abriram 170 quilômetros de estradas no meio da floresta, dentro da área de preservação ambiental conhecida por Seringal Monte Alegre, em Altamira, para facilitar o transporte da madeira pelo Rio Xingu.

Os acusados também utilizavam material explosivo na pesca de peixes de variadas espécies, além de matarem tracajás, tartarugas e jacarés ao longo dos rios da região para a construção de pontes por onde a madeira era transportada.

A gerente executiva do Ibama no Pará, Selma Melgaço, afirma que a atitude do Ministério Público do Pará é louvável, porque ataca diretamente a extração ilegal de uma espécie ameaçada de extinção. Ela disse esperar que a Justiça de Altamira estude com serenidade o pedido do promotor e puna os responsáveis pela devastação de florestas e retirada de madeira de áreas indígenas.

O coordenador do Greenpeace, Paulo Adário, entende que a punição do terceiro escalão responsável pelo roubo de mogno tem sem dúvida forte impacto na região, "já que os acusados são as caras visíveis de uma atividade baseada em violência, corrupção e invasão de áreas públicas e terras indígenas".

Para ele, a atitude do promotor significa "um passo importante para pôr fim a anos de exploração ilegal de madeira da Amazônia, mas isso não basta, é preciso agora que a polícia indicie os chefões e que a Justiça determine sua prisão".

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