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Projeto Fauna Viva é exemplo de trabalho voluntário em unidades de conservação

ICMBio - www.icmbio.gov.br
Autor: Carlos Oliveira
15 de Set de 2009

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) incentiva o trabalho voluntário nas Unidades de Conservação (UCs) como forma de apoio às ações institucionais em defesa da biodiversidade brasileira. Tanto que regulamentou, dias atrás, o programa de voluntariado nas UCs, que tem como exemplo o Projeto Fauna Viva, mantido pelo Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Estado do Rio.

O projeto reúne pessoas da comunidade do entorno do parque e de várias instituições que dedicam parte de seu tempo a socorrer os animais silvestres atropelados no trecho da rodovia Rio-Teresópolis, que corta o parque. Além disso, o Fauna Via desenvolve planos e ações para reduzir o número de acidentes. Com isso, tem salvado a vida de muitos animais.

O recente caso de uma preguiça atropelada na rodovia e atendida por voluntários do projeto, embora não tenha tido um final feliz, dá bem uma ideia da dedicação que essas pessoas dispensam aos animais, à natureza, à preservação da vida silvestre. São atitudes de extrema doação, que merecem o respeito de todos.

DRAMA - O drama da preguiça começou no dia 16 de agosto. Um motorista que passava pela rodovia avistou o animal se arrastando no meio da pista e parou o carro. Ao ver que o bicho estava machucado, levou-o para a sede do parque, onde ficam os voluntários do projeto. A partir daí, e por exatos 20 dias, a luta pela vida do pequeno primata foi intensa e emocionante.

O chefe-substituto do parque, Euclides Martins da Silva Júnior, narra tudo com emoção. "A preguiça estava com ferimentos na mão direita, com perda total das garras internas e exposição óssea. Os voluntários do projeto fizeram o tratamento com curativos nas partes afetadas, mas houve a necessidade de amputar parte da mão atingida. Os ferimentos eram muito graves e a luta continuava."

Nesse meio tempo, uma moradora da região que prefere se identificar apenas com o primeiro nome, Carolina, passou a cuidar do animal. Todos os dias, ela dava comida na boca à preguiça. Carolina é parceira do Parna há anos. "Houve um incêndio aqui tempos atrás e ela nos ajudou a socorrer os bichos atingidos. Desde então, está sempre nos ajudando", diz Júnior.

Como a situação da preguiça era muito grave, apesar de todo os cuidados, os ferimentos evoluíram para uma necrose. "Com isso, o animal foi levado ao Hospital Veterinário da Fundação Rio-Zôo, e a outra mão foi amputada. Era a única maneira de manter o bicho vivo", conta Júnior. Dias depois, a necrose se espalhou por partes vitais do animal. "No domingo (6 de setembro), os veterinários tiveram que fazer a eutanásia, evitando um sofrimento maior", relata o chefe-substituto.

Com a certeza de que foi feito tudo o que era possível para salvar o animal, Euclides Júnior agradece a dedicação de cada pessoa envolvida no Projeto Fauna Viva. "Agradecemos carinhosamente aos servidores e colaboradores pelo amor, respeito e afeto que todos demostram na luta pela vida de cada animal."

O PROJETO - Implantado em 2008, o Projeto Fauna Viva é desenvolvido por voluntários do parque e de várias outras instituições - Concessionária Rio-Teresópolis, que opera a rodovia, Ibama, Museu Nacional do Rio de Janeiro, Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso), Universidade Castelo Branco, Fundação Oswaldo Cruz e Universidade de São Paulo.

O projeto é coordenado pelo biólogo Guilherme Andreoli, do parque, e pela engenheira ambiental Matilde Villela de Souza, da área de meio ambiente e contratos da Concessionária Rio-Teresópolis.

A estrutura do Fauna Viva funciona no Centro de Referência em Biodiversidade da Serra dos Órgãos, no Parque Nacional, em Teresópolis.

Os voluntários do projetos percorrem todos os dias de manhã a rodovia para verificar se há animais silvestres atropelados. Os bichos machucados são tratados até terem condições de voltar à natureza. As espécies encontradas mortas são fotografadas, recolhidas e acondicionadas para preservação e posterior estudo.

Dependendo da espécie e do estado em que se encontram, os animais mortos podem ser enviados para o Centro Nacional de Pesquisas para Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap) ou para Centro Nacional de Pesquisas e Conservação de Primatas Brasileiros (CPB), centros de pesquisa do ICMBio, onde serão estudados pelos pesquisadores.

Segundo o chefe interino do Parna da Serra dos Órgãos, Euclides Júnior, o atropelamento em rodovias é considerado a segunda maior causa de perda de biodiversidade da fauna, ficando atrás somente da redução dos ambientes naturais.

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