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Projeto do Rock In Rio gera renda para povos da Amazônia

Marie Claire - http://revistamarieclaire.globo.com
01 de Set de 2017

Projeto do Rock In Rio gera renda para povos da Amazônia
Restauração das cabeceiras do Xingu já movimentou R$ 700 mil para 450 moradores da região

Desde a colonização do Brasil até hoje, a partir de 1500, a Amazônia já perdeu 19% de sua área verde sob o argumento de que o desenvolvimento da agricultura e da pecuária dependia do desmatamento. Uma das regiões que mais perdeu floresta foi a do rio Xingu, que tem aptidão agrícola especialmente nas suas cabeceiras.
O desmatamento para o crescimento desses dois setores, além de afetar a qualidade de solo e trazer consequências climáticas para o mundo, acarreta erosão e contaminação das águas do Parque Indígena do Xingu, devido à grande quantidade de agrotóxico jogada nas lavouras. Quem perde diretamente com isso são os 16 povos que vivem e dependem da água e da floresta para viver.
"Essas nascentes e matas de beira de rio precisam ser recuperadas em qualquer situação. É uma região com uma diversidade socioambiental única. Você reúne as condições para promover o trabalho de restauração das florestas", explica Rodrigo Junqueira, do Instituto Socioambiental (ISA).
Com o olhar voltado para as questões sociais e ambientais, o Rock In Rio firmou uma parceria com instituições engajadas com a causa ambiental para a implantação do Amazonia Live, iniciativa do festival voltada para o reflorestamento e a conscientização da população. O trabalho de reflorestamento é feito na área não protegida do Xingu, que tem um total de 23 hectares e já perdeu 7,9% de extensão, segundo dados do ISA.
"Queríamos plantar árvores, mas não somos especialistas nisso. Buscamos a credibilidade de quem tem e chegamos a três principais parceiros: o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), que tem expertise em gestão de recursos, O ISA para fazer a execução do plantio e a Conservação Internacional (CI), que nos ajuda a angariar verba para mais 800 mil árvores e dar mais voz para o projeto", detalha Roberta Medina, Vice-Presidente do Rock In Rio.
A aliança dá frutos que vão além. A parceria com o ISA trouxe benefícios sociais e econômicos para a região. Quem vende ao projeto as sementes plantadas é a Rede de Sementes do Xingu, uma rede de desenvolvimento comunitário que reúne 450 coletores indígenas e agricultores familiares - a maioria mulheres e jovens - de 16 municípios do Parque do Xingu. Os coletores são como guardiões da Amazônia. Acompanham o plantio e fazem visitas para conferir se as sementes estão de fato virando floresta.
"O projeto permitiu gerar uma renda de R$ 700 mil diretamente para essas famílias. É uma possibilidade concreta da geração de renda que permite um conjunto de encontro e troca de saberes entre essas pessoas com a realidade concreta de ingresso econômico desse grupo", explica Rodrigo Junqueira.
De acordo com Rodrigo, o Amazonia Live é a prova de que é possível mudar o comportamento das pessoas e atingir objetivos concretos: "Os benefícios gerados pelo projeto nos permite reestabelecer o sentimento que é possível fazer. Mostra que existe uma conectividade envolvendo diferentes setores e que é assim que conseguimos dar passos importantes".
A Rede de Sementes utiliza a metodologia conhecida como "muvuca" para o plantio. A técnica permite que as sementes sejam semeadas diretamente no chão, o que diminui os custos do trabalho. O gerente do Amazonia Live no Funbio, Alexandre Ferrazoli, reforça os benefícios do trabalho feito a muitas mãos.
"Você trabalha de forma diferenciada, com um método viável e ainda fortalece a parte a social. O Amazonia Live gera circulação de renda, movimentação social e também amigável, uma vez que os pequenos produtores da área podem conversar com grandes proprietários de terra", avalia ele.
A meta do Rock In Rio é agora plantar 4 milhões de árvores nas cabeceiras do Xingu. Em pouco mais de um ano, o projeto já conseguiu sementes suficientes para 3 milhões de árvores, sendo um terço doado pelo festival.
Além dos recursos doados por parceiros, o público também pôde apoiar a iniciativa durante a compra do ingresso para os shows. Até o fim do festival, outras ações vêm acontecendo para engajar o público e arrecadar fundos que vão ser revertidos em árvores. Estão previstos uma rifa, leilão de guitarras e vendas de lembrancinhas dentro da Cidade do Rock.
"O projeto ainda vai até 2019. Espero que a gente bata os 4 milhões o quanto antes, porque isso é só início da conversa. Vamos levar a causa novamente para Portugal em 2018. Queremos que as pessoas tomem consciência e mudem suas atitudes no dia a dia", comenta Roberta Medina.
Para mais informações: www.amazonialive.com.br/

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