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Projeto de formação de professores índios entra na segunda etapa

Midianews-Cuiabá-MT
23 de Jan de 2002

Cerca de 200 professores indígenas de 35 etnias e treze Estados, que atuam ou venham a atuar nas escolas indígenas de Ensino Fundamental e Médio participam até o dia 2 de fevereiro, em Barra do Bugres, da II Etapa de Estudos Presencias do Projeto de Formação de Professores Indígenas - 3o Grau Indígena. Esta etapa corresponde ao 2o semestre dos cursos de Línguas, Artes e Literatura, Ciências Matemática e da Natureza e Ciências Sociais.

De acordo com o coordenador do Projeto, professor Elias Januário, o primeiro semestre dos cursos foi concluído com grande êxito. "A primeira fase exigiu uma árdua reflexão teórica e metodológica de revisão e reconstrução das diretrizes traçadas, dadas as particularidades da educação escolar indígena específica e diferenciada", explica.

O aluno Gleidson Arthur do Vale Freitas, da etnia Wassu Cocal, de Alagoas, ressalta que a experiência está sendo extraordinária. "É uma oportunidade de aprimorarmos os conhecimentos e resgatarmos a nossa história. Considero essa a maior conquista que os povos indígenas tiveram nos últimos tempos".

Lucas Ruri'õ, da etnia Xavante, de Mato Grosso, concorda com o colega. "É muito rico esse momento. Através do projeto estou descobrindo coisas que antes era impossível e que agora tenho resposta. Pedimos a continuidade da iniciativa, pois precisamos colher no futuro o que estamos semeando agora", alerta.
O currículo do projeto do 3o Grau Indígena tem o propósito de habilitar um profissional-docente capaz de atuar como agente transformador da realidade em que se insere, por meio de uma educação que promova uma melhoria de vida da comunidade. "O currículo não é cristalizado, tradicional, mas algo que está sendo discutido e construído na reflexão com os professores indígenas. Procura instrumentalizar os cursistas de modo que a partir daí eles possam buscar os conhecimentos necessários para a concretização do seu projeto de vida", enaltece Elias Januário.
Ele lembra que a Etapa de Estudos Cooperados de Ensino e Pesquisa (Etapa Intermediária) é que baliza as ações do projeto. "Os professores indígenas realizam as pesquisas envolvendo os velhos e a escola, fazendo o ensino romper as barreiras pedagógicas, formando docentes cujas atividades ampliam-se para além da sala de aula", finaliza o coordenador do projeto.

Fazem parte do projeto alunos índios de 23 etnias de Mato Grosso: Umutina, Bororo, Xavante, Pareci, Irantxe, Bakairi, Tapirapé, Karajá, Rikbaktsa, Nambikwara, Kayabi, Apiaká, Terena, Munduruku, Ikpeng, Mehinako, Kamaiurá, Juruna, Kuikuro, Kalapalo, Matipu, Trumai e Suyá. Também participam dos estudos índios de outros Estados, que fazem parte de 13 etnias: Kaxinawá, Manchineri, Wassu Cocal, Baniwa, Tikuna, Baré, Pataxó, Tuxá, Tapeba, Tupinikim, Potiguara, Tukano e Kaingang.

A II Etapa de Estudos Presenciais do Projeto de Formação de Professores Indígenas iniciou no dia 7 de janeiro. As aulas estão sendo realizadas no campus da Unemat, em Barra do Bugres.

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