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Projeto de artesanato sustentável beneficiará moradores de Reserva Extrativista

Portal Amazônia - http://portalamazonia.globo.com
Autor: Joyce Karoline
05 de Dez de 2010

Através de estudos e pesquisas, a matéria-prima da floresta pode ser utilizada para confecção de produtos como biojóias, artesanato, biocosméticos, bicombustíveis, vestuário, marchetaria, entre outros itens. Pensando nisso, o Engenheiro Florestal do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) Niro Higuchi, pensou em colocar em prática um projeto, cuja finalidade é desenvolver um tipo de artesanato de forma sustentável.

Para isto é necessário combinar várias áreas do conhecimento como química da madeira, propriedades físicas e mecânicas, resistência de materiais, trabalhabilidade e outras do domínio mais básico. Os beneficiados com este projeto serão os moradores da Reserva Extrativista (Resex) Auati-Paraná, localizada no município de Fonte Boa (distante a 680 quilômetros de Manaus).

Os comunitários vão ganhar neste ano de 2011, uma alternativa de renda sustentável, através do "Projeto de Artesanato Sustentável". Tudo começou com um trabalho de inventário florestal demandado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para a elaboração do plano de manejo da Unidade de Conservação (UC).

"Este trabalho é parte do sistema de inventário florestal contínuo do Amazonas, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). O principal objetivo é oferecer uma alternativa econômica para o aproveitamento do recurso florestal de uma Unidade de Conservação habitada por população tradicional", contou Niro.

O engenheiro florestal destacou que durante este trabalho, tiveram duas descobertas importantes. A primeira foi o estoque de madeira caída com potencial comercial e a segunda foi à capacidade dos comunitários em trabalhar em projetos de longo prazo como o manejo do pirarucu. Depois disso, brotou uma relação de amizade entre pesquisadores e comunitários, para o desenvolvimento do Projeto.

Proposta de manejo da madeira

Outros profissionais aderiram à proposta de manejo da madeira caída, como a coordenadora Maria Inês Higushi do Laboratório de Psicologia e Educação Ambiental (Lapsea /INPA) e a coordenadora do Laboratório de Artefatos de Madeira do INPA, Claudete Nascimento. De acordo com Higuchi, Claudete aceitou o desafio de treinar alguns comunitários na arte da marchetaria.

"O pessoal correspondeu às nossas expectativas e o passo seguinte foi submeter o projeto ao Projeto de Desenvolvimento Regional do Estado do Amazonas para a Zona Franca Verde (Proderam), que o sub-coordenador de Desenvolvimento Sustentável do Proderam, Geraldo Araújo Couto, o aprovou", disse.

A Resex Auati-Paraná é composta de 15 comunidades e todas deverão ser beneficiadas. O Projeto é parte de um processo de entendimento entre a pesquisa e a vida de comunidades em Unidades de Conservação, que iniciou em 2004. O projeto em si foi escrito e submetido em menos de três meses. Com conhecimento e cautela é possível conciliar aproveitamento e conservação.

Produção de subprodutos

Segundo Niro Higuchi, considerando uma escala, a madeira é o recurso mais utilizado em subprodutos. Poucos produtos têm a utilização regulamentada por Lei. Hoje, por exemplo, não há normas legais para o manejo de madeira caída fora das margens dos rios.

"Infelizmente, a madeira tem sido produzida na Amazônia de forma predatória; menos de 10% da madeira consumida é oriunda de planos de manejo florestal aprovados pelos órgãos de licenciamento", enfatizou.

A aceitação da marchetaria e dos produtos feitos com elementos da natureza tem crescido muito nos últimos anos e o valor dos subprodutos são justos. Talvez, um dos gargalos esteja na comercialização por falta de organização do setor, de padrão de qualidade e de marketing adequado. Para o projeto de Auati-Paraná, a matéria-prima para a marchetaria será retirada de árvores caídas ou de resíduos dos roçados.

"O laboratório de artefatos de madeira do INPA já treinou quatro comunitários de Auati-Paraná. Os demais comunitários com vocação para trabalhar com madeira serão treinados por esses quatro treinados no INPA, sob a supervisão dos pesquisadores do laboratório de artefatos de madeira", destacou o engenheiro.

Niro conseguiu viabilizar esta ação através das parcerias institucionais como o ICMBio, Associação de Comunitários do Auati-Paraná e Proderam. Além disso, conta com apoio de duas empresas privadas, a Puro Amazonas e Ecoshop.

"A Ecoshop entrou neste Projeto com o objetivo de orientar os comunitários através de consultorias e oficinas. A nossa empresa está há 20 anos no mercado Em 2008, ganhamos o 4 Prêmio de Responsabilidade Social e Sustentabilidade no Varejo da Fundação Getúlio Vargas. Neste sentido, a Ecoshop é uma empresa do ramo de artesanato no Amazonas a desenvolver uma linha de ação fundamentada no conceito de desenvolvimento sustentável, valorizando a produção artesanal de caboclos e índios, orientando essa produção", contou a proprietária da Ecoshop, Inês Lima Daou.

A mini marcenaria deve ser inaugurada no mês de março de 2011. Neste primeiro projeto, a expectativa é envolver, no mínimo, 20 pessoas. No futuro, a expectativa é envolver todos os comunitários que têm vocação para trabalhar com madeira.

"Somadas às estas parcerias temos também que registrar o apoio incondicional do próprio INPA e dos Laboratórios de Manejo Florestal (LMF), de Psicologia e Educação Ambiental (LAPSEA) e de Artefatos de Madeira (LAM). Contamos também com o apoio do INCT - Madeiras da Amazônia (FAPEAM e CNPq). Este primeiro projeto já está em vigor. Estamos concluindo o projeto de engenharia para a construção do prédio e os equipamentos da mini marcenaria já estão orçados", destacou o engenheiro florestal

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