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Projeto da senadora Marina Silva (PT-AC) preserva o Juruá como a maior biodiversidade do mundo

Tribuna do Acre- Rio Branco-AC
20 de Jun de 2001

A senadora Marina Silva (PT/AC), um dos expoentes brasileiros na defesa do meio ambiente na Amazônia, defendeu ontem a aprovação de seus projetos de lei que regulamenta o acesso à biodiversidade e que institui o FPE Verde como forma de preservar a região do Alto Juruá, no Acre, cuja biodiversidade foi considerada a maior de todo o planeta em extensa reportagem desta semana da revista Veja.
"A reportagem demonstra a preocupação que nós tivemos em apresentar projetos de lei que pretende preservar esse tipo de patrimônio e os conhecimentos que são associados a ele, que são frutos do relacionamento das comunidades de índios, caboclos e ribeirinhos com aquela rica biodiversidade, que deve ser preservada e respeitada", disse a senadora, ao comentar a matéria da revista.
Segundo Marina Silva, o projeto de lei que regulamenta o acesso aos recursos naturais garante a preservação da rica biodiversidade presente na região do Alto Juruá. Por sua vez, o projeto que cria o Fundo de Desenvolvimento Sustentável a partir de recursos adicionais do FPE para os estados que mantenham unidades de conservação, vai garantir, segundo Marina Silva, o financiamento de atividades econômicas de formas sustentáveis naquela região acreana.
Para a senadora, a regulamentação do acesso à biodiversidade vai permitir que sejam alocados recursos para o Alto Juruá a partir de atividades como o turismo científico, que atrai milhares de pesquisadores de todo o planeta interessados em conhecer a riquíssima biodiversidade existente naquela região acreana.
"Na medida em que tivermos uma lei que estabeleça critérios para o estudo da biodiversidade do Brasil, milhares de pessoas e estudiosos de vários Países do mundo irão se deslocar para aquela região a fim de conhecer a maior concentração de biodiversidade do planeta. Essas pessoas entrando na região, pagando, se hospedando em hotéis, visitando e consumindo, tudo isso vai gerar renda capaz de preservar aquele meio ambiente", disse.
Outra vantagem da futura lei de acesso da senadora para o Alto Juruá e outras regiões da floresta acreana será a execução de contratos de pesquisas nas áreas dos produtos fitoterápicos e da bioprospecção, que podem gerar o pagamento de royalties (direitos) que vão beneficiar o próprio estado do Acre e as comunidades de índios, seringueiros e colonos que nelas habitam.
O que diz a revista Veja
Em ampla reportagem com fotos de sapos, tucanos, araras e macacos raros, a revista Veja assinala que um estudo recém-concluído por pesquisadores de cinco universidades brasileiras, e que vai virar uma enciclopédia natural a ser publicada no segundo semestre deste ano, demonstra que a região do alto rio Juruá, colada à Serra do Divisor, é a de maior biodiversidade da Amazônia, "provavelmente do planeta".
O Alto Juruá, segundo a revista, tem a maior concentração de espécies numa mesma área, superando com folga outras regiões da floresta amazônica, como Cacaulândia, em Rondônia, Pakitza e Tambopata, no Peru, tidas até agora como campeãs em variedades de seres vivos na Amazônia, que é, por sua vez, a maior extensão de mata para a sobrevivência de espécies de animais e vegetais do planeta.
No alto rio Juruá, de acordo com Veja, foram contadas 616 espécies de aves, pelo menos seis delas raras e outras duas completamente novas para a ciência. Nas outras áreas são pouco mais de 550 espécies. Em se tratando de borboletas, os cientistas já registraram 1.620 tipos, mas há indícios de que o número poderá chegar a 2000.
Há ainda cinqüenta espécies de répteis, 300 de aranhas, 140 de sapos e 64 variedades de abelhas. Além de animais considerados vulneráveis ou ameaçados de extinção, como a preguiça-real, o tamanduá-bandeira, a lontra e o tatu-canastra, há na região do Alto Juruá peculiaridades como uma mariposa de 30 centímetros, considerada a maior do mundo, e um morcego com envergadura de um metro, o maior das Américas.

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