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PROJETO CALHA DO RIO NEGRO: EM BENEFÍCIO DAS POPULAÇÕES INDÍGENAS

Centro Universitário São Camilo-São Gabriel da Cachoeria-AM
01 de Out de 2002

O Centro Universitário São Camilo, em parceria com o Centro de Saúde Escola "Dom Walter Ivan", pertencente a Diocese do município de São Gabriel da Cachoeira (Amazonas), deu início, em abril do ano 2000, ao Projeto Calha do Rio Negro.
Desenvolvido com o intuito de colaborar na implantação de um modelo de assistência à saúde, que atenda as necessidades da população local, e de oferecer novas oportunidades no campo do ensino-aprendizado aos corpos docente e discente do Centro Universitário São Camilo, o projeto tem a coordenação da enfermeira e mestre em saúde pública Vera Lúcia de Barros.Titular do curso de graduação em enfermagem, a professora e seus colegas das áreas de nutrição e biologia - juntamente com os alunos engajados nas ações - têm sido responsáveis pelo planejamento e operacionalização das visitas.

Nestes 2,5 anos de implantação do projeto algumas etapas essenciais foram cumpridas, tais como o reconhecimento da área, identificação das deficiências e preparação e
capacitação dos voluntários locais. "Em nossa primeira visita a região da Calha do Rio Negro, no mês de abril, permanecemos 14 dias em contato direto com a população e retornamos convencidos de que o próximo passo seria o de oferecer um curso de atualização para os indígenas formados em técnicas de enfermagem", observa Vera Lúcia.

Seis meses depois, o grupo da Instituição voltou ao município para reciclar os técnicos de enfermagem, em sua maioria de origem indígena, os quais falam a língua nativa, além do português. Foram, então, ministradas palestras sobre saúde da mulher, bio segurança, vigilância epidemiológica, anatomia e controle e tratamento da hanseníase - doença ainda endêmica na região. A coordenadora do Projeto aponta, ainda, algumas enfermidades de grande incidência nas comunidades visitadas como a diarréia e verminoses, doenças de pele, tuberculose e tracoma. Tais intercorrências são combatidas por meio do uso de medicamentos alopáticos, cuja supervisão cabe aos técnicos de enfermagem e aos agentes de saúde. "A dificuldade nessa etapa reside na supervisão dos tratamentos de longa duração, como o da tuberculose que dura aproximadamente seis meses".

Propósitos social, acadêmico e científico

A proposta do Projeto é multidisciplinar e contempla a integração das cadeiras de nutrição, biologia, farmácia e enfermagem. Professores e alunos deverão visitar a região duas vezes por ano e permanecer por duas semanas em cada uma das etapas "atuando em conjunto com os agentes comunitários e com os moradores". Existe a preocupação de não interferir no modo de vida e na cultura local, e de contribuir para a elevação dos níveis de saúde e qualidade de vida. No mês de maio deste ano retornou a mais recente equipe de estudantes e docentes voluntários, dos cursos de enfermagem, biologia e nutrição, que iniciou um projeto de pesquisa sobre o estado nutricional das crianças, entre 0 e 10 anos, e sobre saúde ambiental.

A próxima etapa do Calha do Rio Negro acontecerá em outubro, entre os dias 7 e 21. A novidade fica por conta da realização de oficinas sobre nutrição para os agentes indígenas de saúde da região de Cucuí, onde vivem os marabitanas, índios aculturados. Nessas oficinas os agentes serão orientados a acompanhar o desenvolvimento nutricional das crianças, com o intuito de avaliar o crescimento infantil nas comunidades de Marabitana e Tumbira - esta última localizada nas margens do rio Curicuriari, em área isolada e com perfil rural. Mantendo o preceito de respeitar os hábitos culturais e alimentares das comunidades, a intervenção dos agentes se dará por meio de reorientação alimentar aplicada aos recursos naturais disponíveis.

A equipe contará com quatro professores e 10 alunos das áreas de enfermagem, biologia e farmácia, além de nutrição. O reitor do Centro Universitário São Camilo,
professor e padre Christian de Paul de Barchifontaine confirmou sua presença na delegação que partirá no início do próximo mês. Nesse projeto de extensão universitária, tanto o corpo docente, quanto o discente, tem aproveitado a oportunidade para desenvolver o ensino, a pesquisa e a assistência à comunidade. A programação incluirá cursos de atualização para os técnicos de enfermagem em vigilância epidemiológica e saúde ambiental; e continuidade das pesquisas já iniciadas.

São Gabriel da Cachoeira
São Gabriel da Cachoeira, cidade que abriga o projeto, está situada às margens do Rio Negro, a noroeste do estado do Amazonas, quase na divisa do país com a Venezuela e Colômbia. É o segundo maior município brasileiro em extensão, com 108 mil Km2. Sua população com, aproximadamente, 40 mil moradores, dos quais 95% são de etnia indígena, vive em condições de extrema pobreza e habita casas de pau-a-pique.

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