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Projeção indica inviabilidade de 74% da terras na Amazônia e Cerrado até 2060

Valor Econômico - https://valor.globo.com/
Autor: CHIARETTI, Daniela
17 de Jul de 2024

Projeção indica inviabilidade de 74% da terras na Amazônia e Cerrado até 2060
Culturas dependentes de polinizadores representam 55% do valor monetário anual da produção nacional, diz relatório

Daniela Chiaretti

17/07/2024

Caso o modelo atual do agronegócio seja mantido no futuro, com pressão sobre o capital natural e produzindo grandes impactos ambientais, a atividade corre o risco de ficar inviável. Cenários projetam que a viabilidade de 74% das atuais terras agrícolas na fronteira da Amazônia com o Cerrado podem ficar comprometidas até 2060.

Este é um dos dados do sumário executivo do "Relatório Temático sobre Agricultura, Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos" produzido ao longo de três anos e lançado nesta terça-feira por um grupo de 100 pesquisadores de várias áreas ligados a 40 instituições em todos os biomas brasileiros. "Queremos ressaltar a importância de uma agenda integrada entre agricultura e conservação no Brasil, alertando para o passivo ambiental gerado pela agropecuária convencional", diz a bióloga Rachel Bardy Prado, uma das coordenadoras do relatório e pesquisadora da Embrapa Solos há 21 anos.

Os ecossistemas brasileiros abrigam perto de 20% das espécies descritas no planeta. O país é o primeiro no ranking das 17 nações mais megadiversas do mundo. Em outra ponta, o agronegócio é responsável por 20% dos empregos formais e 27% do Produto Interno Bruto do país - ou R$ 403,3 bilhões em 2020. "Em grande parte, é caracterizado por monoculturas em larga escala, com sistemas de irrigação intensivos e uso excessivo de insumos, fertilizantes e agrotóxicos", diz nota à imprensa.

O relatório menciona que culturas dependentes de polinizadores representam 55% do valor monetário anual da produção nacional. "É muito relevante esse serviço e vem sendo comprometido pelos agrotóxicos, pela fragmentação da paisagem, pela destruição das florestas", diz Rachel Prado. "A polinização é um dos serviços essenciais, como água limpa".

Ela continua: "As agendas da conservação e da produção são apartadas. Nossa proposta é que sejam comuns". A bióloga diz o que já é sabido há anos no país, mas não se concretiza: "Temos que parar de ver a biodiversidade como um entrave do desenvolvimento. É ao contrário. Essa é a nossa grande riqueza, para diferentes setores de produção e, especialmente, para a agricultura."

O sumário do relatório foi produzido pela Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (Bpbes, na sigla em inglês), iniciativa lançada em 2017 e que reune 120 professores universitários, pesquisadores, gestores ambientais e detentores de conhecimentos tradicionais.

O sumário indica o que há nos seis capítulos do relatório: o primeiro é sobre benefícios propiciados pela natureza, o segundo cita a trajetória do uso da terra. O terceiro mostra os cenários futuros e o quarto, soluções práticas de manejo da agricultura e dos recursos naturais. O quinto discorre sobre oportunidades com maior inclusão social e agregação de renda. O último é o da governança, onde se consolidaram os principais exemplos exitosos de conciliação dos da conservação e da agropecuária, e as exigências internacionais.

"Temos que olhar para uma paisagem rural multifuncional. Isso significa uma paisagem que possa prover mais do que alimentos, mas todos os serviços ecossistêmicos essenciais ao bem-estar humano como água limpa, solo fértil, regulação climática e polinização", diz a bióloga.

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2024/07/17/projecao-indica-invia…

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