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Programas de educação beneficiam populações nativas

Correio da Bahia-Salvador-BA
Autor: Regina Bochicchio
19 de Jul de 2001

Programas específicos de educação têm sido desenvolvidos há alguns anos pelo governo federal, através do Ministério da Educação (MEC), em todas as regiões do país que ainda abrigam populações nativas - etnias que os colonizadores chamaram de índios. Através das secretarias de Educação, os ditames do decreto presidencial e da portaria interministerial que tratam da questão da educação indígena são implantados em cada estado. No final do mês passado, o MEC encerrou o prazo para que as secretarias de Educação interessadas aderissem ao Programa de Formação de Técnicos Governamentais em Educação Indígena, do qual participarão representantes das cinco Direcs da Bahia - Bom Jesus da Lapa, Paulo Afonso, Eunápolis, Itabuna e Ilhéus.Esses técnicos são o elo de ligação entre a secretaria e as comunidades indígenas, dada, sobretudo, através do Curso de Formação para o Magistério de Professores Indígenas, dividido em oito etapas. Os professores-pesquisadores indígenas, por sua vez, são responsáveis por repassar seus conhecimentos para os habitantes de suas tribos. Na Bahia, esse programa está sendo construído dentro de uma perspectiva interinstitucional, que alia governos federal, estadual e municipal (prefeituras), ONGs e, é claro, as próprias comunidades indígenas. A próxima etapa do curso deve acontecer ano que vem, em Coroa Vermelha. A previsão é de que dentro de, no máximo, dois anos, os professores-pesquisadores estejam formados."Promover a integração no mundo contemporâneo sem perder suas raízes. É, antes de tudo, um trabalho de resgate cultural", explica a técnica Jane Damasceno, da Superintendência de Ensino da SEC, setor que está à frente da empreitada. Ela coloca que, em relação a outros estados, o trabalho de resgate cultural indígena na Bahia tem sido bastante satisfatório. O método de ensino considera, antes de tudo, a organização e a cultura de cada povo, promovendo a adaptação específica para cada etnia, seguindo os Parâmetros Curriculares Nacionais para Educação Escolar Indígena - criado com a ajuda da Funai, portanto, não pensada de cima para baixo. Aprovação dos líderesAtualmente, existem 11 povos indígenas na Bahia, como os Pataxós, Pankararés, Kaimbés, Kantarurés, Pankarus, Pataxós Ha- Ha-Hães, Tumbalalás, Tupinambás, Tuxás e Kiriris. Eles vivem em reservas próximas aos municípios de Camacã, Itaju do Colônia, Porto Seguro, Pau Brasil, Prado, Santa Cruz Cabrália, Itamaraju, Camamu, Ibotirama, Nuquém do São Francisco, Glória, Euclides da Cunha, Banzaê e Serra do Ramalho. Estima-se que 2.817 alunos estejam freqüentando as escolas, número ainda pequeno em relação à população total de quase sete mil habitantes no estado.Segundo explica a técnica da SEC, Sandra Lúcia F. Silva, o programa está sendo bem conduzido, pois todas as informações são adaptadas para a educação indígena, com toda a preocupação para não incorrer no risco do etnocentrismo, principalmente porque todas as decisões tomadas passam, antes, pela aprovação dos líderes das tribos. Além disso, uma parceria com as universidades federal e estaduais, através de professores especializados na área, tem sido fundamental para o bom andamento do programa.De acordo com a professora da Faculdade de Educação da Ufba, Erilza Galvão dos Santos, a grade curricular privilegia as áreas de: educação diferenciada, linguagem e cultura, sociedade e natureza e matemática. Cada uma delas funciona como link para outros temas, o que é determinante para a relativização da cultura e sua preservação.

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