VOLTAR

Produtores querem R$ 23 milhões para desocupar fazendas

Correio do Estado-Campo Grande-MS
Autor: Antonio Viegas
07 de Nov de 2002

Fazenda Fronteira é uma das propriedades localizadas na área indígena

Os produtores rurais de Antônio João que residem na área de 9,3 mil hectares, considerada terra indígena pelo Ministério da Justiça, calculam que vão ter direito a uma indenização de no mínimo R$ 23 milhões. A avaliação foi feita pelo Sindicato Rural de Antônio João. Os produtores temem não receber o valor devido por suas propriedades. No local existem cerca de 60 famílias. De acordo com avaliação da entidade, cada hectare de terra na região custa em média R$ 2,5 mil.
O prefeito Dácio Queiroz Silva, que possui a Fazenda Fronteira, situada na área, mostrou-se indignado com a decisão do Ministério da Justiça e garantiu que esse é o mesmo sentimento da população de Antônio João, que inclusive, segundo ele, está documentado em um abaixo-assinado com 1.500 assinaturas. Para ele é necessário que a política indigenista no Brasil seja reavaliada para evitar que famílias de produtores como as de Antônio João, Panambizinho e várias outras regiões não sejam mais prejudicadas e o País obrigado a arcar com valores milionários, muitas vezes por culpa dos próprios governos.
Ele avalia também que o município vai sofrer um grande impacto tanto na área social como econômica a partir do decreto do ministro da Justiça, Paulo de Tarso, considerando 9,3 mil hectares como de propriedade indígena.
Ele informou que essa área compreende oito grandes propriedades rurais, mas o problema maior estaria nos pequenos imóveis. São 52 famílias, com média de um hectare cada uma, que formam o distrito de Campestre.
Antonio João possui uma área total de 116 mil hectares e segundo o prefeito, com essa desapropriação, que ele admite ser praticamente inevitável, estaria perdendo cerca de 8% de seu território. Além disso, de acordo com ele, toda essa área de 9,3 mil hectares, deixaria de produzir e consequentemente de contribuir para a economia, a exemplo de outras áreas indígenas em todo o Estado, que pouco produzem.
O próprio distrito de Campestre, que está dentro da área, possui toda uma estrutura, como sistema de abastecimento de água, escola e posto de saúde, além da diversificação na produção rural.
Outra preocupação do prefeito é sobre a questão do êxodo rural. São funcionários das fazendas e os pequenos proprietários do distrito que hoje já estariam deixando suas propriedades e tentando se adaptar na cidade mesmo tendo como profissão o trabalho na terra.
Os investimentos estão praticamente paralisados a partir do início desse conflito agrário e ele lembrou que a situação poderá ser ainda mais séria com a possibilidade da identificação também de outra área que deve absorver mais 4 mil hectares aproximadamente, dentro também do município de Antônio João

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.