GM, Gazeta do Brasil, p.B14
05 de Ago de 2005
Produtor vai usar semente transgênica
Variedade resistente a insetos reduz os custos em 20%, o que ampliará a competitividade. A possibilidade de ganhar competitividade, com a redução de até 20% nos custos com defensivos agrícolas, entusiasma os produtores baianos a utilizarem, já na safra 2006/2007, as sementes do algodão Bollgart, transgênico resistente a insetos produzido pela Monsanto.
Segundo o presidente do Fundo para Desenvolvimento do Agronegócio do Algodão na Bahia (Fundeagro), João Carlos Jacobsen, depois da aprovação pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), foi autorizada a exportação dessa variedade e estão garantidas 100 mil sacas de sementes para o plantio no ano que vem.
"Estamos 10 anos atrasados. O algodão transgênico permite o controle seletivo de pragas e causa menor impacto do que os inseticidas", afirmou Jacobsen ontem, durante entrevista coletiva para o lançamento do 5o Congresso Brasileiro do Algodão, que será realizado de 29 de agosto a primeiro de setembro, no Centro de Convenções de Salvador. Para ele, o transgênico é uma importante ferramenta para a sustentabilidade do agronégocio do algodão.
Biotecnologia
Jacobsen discorda que os produtores possam vir a ficar reféns da indústria de biotecnologia. "Se houver aumento abusivo do preço da semente transgênica, nós voltamos ao plantio tradicional", disse. Ele citou ainda a possibilidade de desenvolvimento do genérico da semente importada pela Embrapa, que já vem realizando pesquisas para um transgênico resistente ao bicudo.
Presidente do congresso, que é promovido pelo Fundeagro, Associação de Produtores de Algodão da Bahia (Apaba), Embrapa e governo do estado, João Carlos Jacobsen destaca a regularização para a entrada dos transgênicos nos plantios brasileiros, a partir do próximo ano, como um importante tema a ser tratado no evento.
Além de conferências sobre assuntos macroeconômicos e ambientais, haverá programação de debates e de atualização técnica. Estão confirmadas as presenças do ex-ministro da Agricultura, Pratini de Morais, e do ex-presidente do Banco Central, Gustavo Lo-yola. As inscrições estão abertas e a expectativa é reunir, na capital baiana, dois mil produtores brasileiros.
Modernização
Para o secretário de Agricultura da Bahia, Pedro Barbosa, a realização do congresso na Bahia reflete a retomada do crescimento e da modernização da cotonicultura nos últimos anos no estado. "Ao longo desse período, a atividade vem sendo retomada na Bahia, com a abertura de novas fronteiras agrícolas, especialmente no oeste do estado, e com a revitalização da tradicional cultura algodoeira do Vale do Iuiú, na região sudoeste".
Os produtores têm o apoio do governo estadual que criou o Programa de Incentivo à Cultura do Algodão (Proalba), desenvolvido através de uma parceria entre as secretarias da Agricultura e da Fazenda. Com o Proalba, o governo oferece 50% de isenção fiscal para quem quer investir em algodão na Bahia. Além disso, 10% do total de impostos que o erário estadual deixa de recolher vai para o Fundo para Desenvolvimento do Agronegócio o Algodão (Fundeagro). "Criamos o Proalba e o Fundeagro com o objetivo de estimular o desenvolvimento e dar sustentabilidade ao agronegócio do algodão na Bahia. O resultado tem sido muito positivo", disse Barbosa.
O presidente da Associação Baiana de Produtores de Algodão (Abapa), Walter Horita, ratificou o apoio governamental para o rápido crescimento da lavoura de algodão na Bahia, principalmente no Oeste, onde se concentram quase 90% dos 250 mil hectares plantados, que devem produzir este ano 870 mil toneladas. Há cinco anos a produção era de 132,6 mil toneladas em 55,9 mil hectares. "Com incentivos fiscais e boas condições de produção hoje somos o segundo estado de maior produção de algodão do País, perdendo só para o Mato Grosso", disse o dirigente.
Qualidade
De acordo com Horita, a qualidade do algodão baiano tem reconhecimento nacional e, por isso, relativamente, é o mais exportado do país. O principal país comprador é a Indonésia, mas Japão, Coréia e China também são importantes importadores. No PIB baiano de R$ 16 bilhões, o agronegócio do algodão participa com R$ 1 bilhão.
Os produtores só lamentam o preço internacional que está 14% inferior à média histórica. "O atual valor associado à baixa do dólar representa uma perda de 40% nas vendas externas em comparação ao ano passado", afirmou.
kicker: A Embrapa já está realizando pesquisas para desenvolver uma semente de algodão transgênica que seja resistente ao bicudo
GM, 05-07/08/2005, p. B14 (Gazeta do Brasil)
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