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Produção concentrada de madeira em tora

GM, Panorama Setorial, p. A8
09 de Mai de 2005

Produção concentrada de madeira em tora

Paraná, São Paulo e Minas Gerais respondem por 51% da safra nacional de 120 milhões de m³. Apenas oito estados concentram 91,38% da produção de madeira em tora do País: Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Pará, Bahia, Rio Grande do Sul e Espírito Santo. O Paraná é o líder, com 21,419 milhões de m³ produzidos em 2003, 17,80% da produção nacional de 120,361 milhões de m³. Seguiram-se os estados de São Paulo, com 20,459 milhões (17,00%), Minas Gerais, com 19,205 milhões (15,96%), Santa Catarina, com 15,886 milhões (13,19%), Pará, com 12,804 milhões (10,64%), Bahia, com 8,271 milhões (6,87%), Rio Grande do Sul, com 6,588 milhões (5,47%), e Espírito Santo, com 5,358 milhões (4,45%). É o que mostra a pesquisa Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Quando se considera apenas a extração vegetal (florestas nativas), o estado do Pará é destacadamente o maior produtor: respondeu por 52,5% da produção nacional em 2003, 10,844 milhões de um total de 20,663 milhões de m³. Os principais produtores do estado foram os municípios de Tailândia (1,450 milhão de toneladas), Portel (980 mil), Paragominas (787 mil), Almeirim (593 mil), Baião (534 mil), Ulianópolis (410 mil), Dom Eliseu (400 mil) e Altamira (362 mil), que, em conjunto, somaram 50,9% da produção estadual (5,515 milhões de m³). Esses municípios foram também os principais produtores do País naquele ano. Concentraram 26,7% da produção nacional.
Quanto à madeira em tora oriunda da silvicultura (florestas plantadas), do total produzido no País em 2003 (99,697 milhões de m³), metade destinou-se à fabricação de papel e celulose (49,531 milhões, ou 49,7%), enquanto a outra metade (50,166 milhões, ou 50,3%) foi para a movelaria, construção civil e outros fins. A fabricação de celulose não utiliza madeira originária de vegetações nativas.
O principal produtor de madeira em tora para papel e celulose foi São Paulo, com 13,318 milhões de m³ (26,9% da produção do País), vindo em seguida Paraná (7,407 milhões, ou 15%), Bahia (6,219 milhões, 12,6%), Santa Catarina (6,110 milhões, ou 12,3%) e Espírito Santo (4,776 milhões, ou 9,6%).
Em São Paulo, o maior produtor de madeira em tora para papel e celulose foi o município de Itapetininga, com 1,096 milhão de m³. Sobressaíram-se ainda no estado os municípios de Capão Bonito (845 mil metros cúbicos), Santa Branca (827 mil) e Itararé (735 mil). No Paraná, os destaques foram os municípios de Telêmaco Borba (1,075 milhão), Tibagi (1,063 milhão) e Lapa (558 mil); e, em Santa Catarina, Caçador (650 mil) e Ponte Alta do Norte (630 mil).
Embora o estado de São Paulo tenha sido o principal produtor nacional de madeira em tora para papel e celulose em 2003, os sete primeiros municípios no ranking nacional de extração desse produto foram de outras unidades da federação: Nova Viçosa, na Bahia (1,679 milhão de m³), Conceição da Barra, no Espírito Santo (1,619 milhão), Almeirim, no Pará (1,482 milhão), Porto Grande, no Amapá (1,349 milhão), Três Lagoas, em Mato Grosso do Sul (1,300 milhão), Caravelas, na Bahia (1,269 milhão), e Aracruz, no Espírito Santo (1,197 milhão). No Espírito Santo, destacou-se também o município de São Mateus, com 1,092 milhão de m³.
No que se refere à madeira em tora oriunda da silvicultura e destinada a outras finalidades que não a fabricação de celulose, o maior estado produtor em 2003 foi Minas Gerais, com 15,298 milhões de m³ (30,5% da produção do País), seguindo-se Paraná, com 12,682 milhões (25,3%), Santa Catarina, com 9,610 milhões (19,2%), e São Paulo, com 7,136 milhões (14,2%). Entre os municípios, os cinco maiores produtores foram Santa Maria de Itabira, em Minas Gerais, com 13,337 milhões de m³ produzidos em 2003 (87,2% da produção do estado e 26,6% da do País), Telêmaco Borba, no Paraná, com 1,194 milhão, Caçador, em Santa Catarina, com 1,180 milhão, General Carneiro, no Paraná, com 1,172 milhão, e Itapetininga, em São Paulo, com 960 mil.
A pesquisa do IBGE mostra ainda que a maior parte da madeira em tora produzida no País é proveniente da silvicultura. No ano de 2003, a silvicultura respondeu por 82,8% do total da produção nacional, ante 17,2% das vegetações nativas. Em 1990, a participação era de apenas 32,5%. E, dentro da silvicultura, vem crescendo a participação da produção de toras para outras finalidades que não a fabricação de celulose: madeira serrada e painéis. De 29,9% em 1990, essa participação cresceu para 51,3% no ano de 2003.

A Aracruz é a líder, com 26% do mercado
A maior produtora de celulose do País é a Aracruz, que em 2004 fabricou 2,496 milhões de toneladas do produto, 26,2% da produção nacional de 9,529 milhões de toneladas. As instalações indus-triais da Aracruz ficam em Aracruz (ES) e em Guaíba (RS). Seguem-se entre os maiores produtores brasileiros a Klabin (SP e PR), a Suzano Bahia Sul (SP e BA), a Cenibra (MG), a Votorantim (SP), a International Paper (SP) e a Orsa-Jari (SP e PA).
Em 2005, uma nova fábrica de celulose deverá entrar em operação: a da Veracel, em Eunápolis (BA). Parceria da Aracruz com a sueco-finlandesa Stora Enso, essa empresa terá capacidade de produção de 900 mil toneladas anuais de celulose branqueada de eucalipto.
A indústria brasileira de celulose e papel é formada por cerca de 220 empresas espalhadas por 16 das 27 unidades da federação. Na edição de 2002 de seu Relatório Estatístico, a Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa) trabalhou com 66 empresas produtoras de pastas celulósicas (28 de celulose e 38 de pastas de alto rendimento), distribuídas por dez estados: três do Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo), três do Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), três do Nordeste (Bahia, Maranhão e Pernambuco) e um do Norte (Pará).
Pequenas empresas são a maioria
A produção de serrados (pranchas, vigas, vigotas, caibros, tábuas, sarrafos, etc.) no Brasil reúne aproximadamente 10 mil estabelecimentos. É o que informa a Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci). Desse total, apenas cerca de 70 delas (0,7%) dispõem de capacidade de produção entre média e grande: mais de 30 mil metros cúbicos por ano. A esmagadora maioria, 75%, não chega a produzir 10 mil m³ por ano.
O ramo de painéis de madeira compensada também é bastante pulverizado, predominando empresas de estrutura familiar. Segundo estimativa da Abimci, devem existir no País 320 empresas operando no segmento, 60% delas de pequeno porte. Já a fabricação de painéis de madeira reconstituída (aglomerados, MDF, chapas de fibra e OSB) concentra-se em menos de uma dezena de empresas, todas de grande porte e instaladas no Sudeste e Sul do País: Berneck (PR), Bonet (SC), Duratex (SP), Eucatex (SP), Fibraplac (RS), Masisa (SC), Placas do Paraná (PR), Satipel (SP) e Tafisa (PR).
O reprocessamento da madeira para agregação de valor é uma tendência do segmento de serrados. O resultado disso são os PMVAs (produtos de maior valor agregado), como as molduras, pisos e portas. Segundo a Abimci, há no País cerca de 2,3 mil fabricantes de portas, 80% dos quais localizados no Paraná e em Santa Catarina.

Fabricantes investem no reflorestamento
As principais empresas dos setores de celulose e papel e de serrados e painéis dispõem de plantios florestais próprios para abastecer de madeira suas fábricas. A produtora de celulose de mercado Aracruz, por exemplo, cultiva 247,3 mil hectares de plantios de eucalipto: 96,3 mil na Bahia, 105,9 mil no Espírito Santo, 4,8 mil em Minas Gerais e 40,3 mil no Rio Grande do Sul. Em associação com o grupo Weyerhaeuser, dos Estados Unidos, o grupo Aracruz detém ainda um terço do controle de uma fornecedora de produtos sólidos de eucalipto destinados à indústria de móveis, empresa localizada no sul da Bahia, no município de Nova Viçosa.
Outra fabricante de celulose de mercado a manter plantios florestais próprios é a Cenibra. Essa empresa destina 119,2 mil hectares de sua área a plantações de eucalipto, distribuídos por quatro regiões de Minas Gerais: Novo Oriente, Ganhães, Ipaba e Nova Era. Já a produtora de papéis International Paper do Brasil, proprietária de terras em cinco estados do País (São Paulo, Mato Grosso do Sul, Amapá, Paraná e Minas Gerais), cultiva 199 mil hectares de florestas plantadas, principalmente de eucaliptos e pinus, destinados à produção tanto de celulose (a maior parte para uso próprio) quanto de cavacos de madeira para exportação.
A Klabin, outra produtora de papéis, possui 191,8 mil hectares de plantios de eucaliptos, pinus, araucárias e outras espécies em diversos municípios dos estados do Paraná (unidade florestal do município de Telêmaco Borba), Santa Catarina (Correia Pinto e Otacílio Costa) e São Paulo (Angatuba). A Suzano Bahia Sul, que produz tanto celulose de mercado quanto papéis, dispõe de 184,2 mil hectares de áreas plantadas de eucalipto nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Maranhão.
No setor madeireiro, destacam-se entre as reflorestadoras quatro fabricantes de painéis de madeira reconstituída: Duratex, Eucatex, Placas do Paraná e Satipel. A Duratex cultiva 36,1 mil hectares de florestas de pinus e eucalipto em São Paulo (nos municípios de Lençóis Paulista, Botucatu e Agudos), além de manter operações florestais no Rio Grande do Sul e na Bahia. Os plantios da Eucatex, também de pinus e eucalipto, somam 34,9 mil hectares em Salto, Botucatu e Buri (SP).
As florestas da Placas do Paraná estão distribuídas por diversos municípios do Paraná e de Santa Catarina e totalizam 24,3 mil hectares de pinus e araucárias, divididos em duas unidades florestais: Campo do Tenente e Sengés, no Paraná. As da Satipel ficam em Minas Gerais (Estrela do Sul, Nova Ponte, Indianópolis, Araguari, Romaria e Uberaba) e no Rio Grande do Sul. As florestas mineiras da Satipel abrigam 41,9 mil hectares de plantios de pinus.

GM, 09/05/2005, Panorama Setorial, p. A8

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