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Principal reservatório do Paraíba do Sul deve atingir volume morto em dez dias

O Globo, Rio, p. 13
05 de Set de 2015

Principal reservatório do Paraíba do Sul deve atingir volume morto em dez dias
Nesta sexta, Paraibuna operava com 0,79% do volume útil. Governo garante uso de 600 bilhões de litros sem precisar de obra

por Emanuel Alencar

RIO - O reservatório de Paraibuna, o principal do sistema Paraíba do Sul, que abastece o Grande Rio, deve começar a operar no volume morto em aproximadamente dez dias. Nesta sexta-feira, o patamar de seu volume útil estava em apenas 0,79%. Isso significa que haverá a paralisação da geração de energia hidrelétrica e uma parcela de água abaixo da captação da usina terá de ser usada para o abastecimento. O governo federal garante que 600 bilhões de litros poderão chegar imediatamente ao Paraíba do Sul, sem a necessidade de obras de engenharia.
Considerando somente a contribuição do Paraibuna, esse volume morto seria suficiente para manter o regime atual de vazão de água na elevatória de Santa Cecília, em Barra do Piraí, até meados de dezembro. Neste ponto, há uma distribuição do abastecimento: parte segue para o Guandu, que chega à Região Metropolitana, e parte continua no Paraíba, com destino à foz em São João da Barra.
Embora não possa ser considerada dramática, a situação inspira cuidados, adverte o engenheiro Jander Duarte, especialista em recursos hídricos:
- Além de Paraibuna, que é o maior reservatório, temos que considerar a contribuição natural dos afluentes do Paraíba do Sul e de outros reservatórios. A questão toda é se chegarmos a dezembro sem um bom regime de chuvas. A sequência de anos com pouca chuva pode gerar problemas maiores em 2016.
Esta não será a primeira vez que o Paraibuna entrará no volume morto. Em janeiro e em fevereiro, a reserva técnica foi usada por 19 dias. Em meio à escassez, a Cedae vai recorrer a uma nova campanha para alertar sobre a necessidade de reduzir o consumo de água. A Secretaria do Ambiente do Rio reforçou que a situação é grave, mas descartou racionamento.
PADRÃO DE CHUVAS ALTERADO
Um termômetro eficaz para avaliar a situação é o índice do chamado reservatório equivalente do Paraíba do Sul, que congrega os valores médios das quatro principais represas: Paraibuna, Santa Branca, Jaguari e Funil. O patamar estava em 6,90% nesta sexta-feira. Há um ano, o percentual era bem mais folgado: 17,8%. Ou seja, houve queda de onze pontos percentuais.
- Com Paraibuna entrando no volume morto, a manutenção de um mínimo de 10% no reservatório de Funil (em Itatiaia) passa a ser estratégica (nesta sexta-feira, estava em 12,59%). Queremos seguir com esse patamar até o fim do ano - disse o presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, acrescentando que a crise hídrica no Sudeste "estacionou numa situação preocupante." - A previsão de chuvas para a bacia do Paraíba do Sul a partir do mês que vem está um pouco melhor do que no sistema Cantareira, em São Paulo. Pode ser que ajude um pouco. Mas no ano passado tivemos um outubro muito ruim, com poucas chuvas. Os padrões estão totalmente alterados.
Com problemas operacionais por conta da intrusão da água do mar no Canal de São Francisco, um prolongamento do Rio Guandu na Zona Oeste, indústrias como a Companhia Siderúrgica do Atlântico, Gerdau e Fábrica Carioca de Catalisadores continuam com dificuldades de operação. A instalação de soleiras de metais para diminuir os efeitos da água salgada nas usinas não surtiu o efeito desejado, alertou o presidente da ANA.

O Globo, 05/09/2015, Rio, p. 13

http://oglobo.globo.com/rio/principal-reservatorio-do-paraiba-do-sul-de…

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