Pressionada Ufopa prorroga prazo para entrevistas de candidatos do PSE indígena

As entrevistas dos candidatos classificados na prova escrita do PSE Indígena 2015, da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em segunda convocação, estavam marcadas para hoje, 3, e amanhã, 4. Porém, como não houve divulgação da lista com os nomes dos candidatos, a Ufopa se viu obrigada a prorrogar o período de entrevistas até o dia 12 deste mês.

A decisão foi anunciada no final da tarde de ontem (2), durante reunião no campus Amazônia com a Pró-Reitora de Ensino, Fátima Lima; representantes do Cita (Conselho Indígena Tapajós Arapiuns) e DAIN (Diretório Acadêmico Indígena). Os indígenas estavam prontos para fazer um manifesto contra a instituição caso não houve atendimento da dilatação do período de entrevistas.

Segundo Iannuzy Tapajós, coordenadora do Cita, a Pró-Reitoria de Ensino admitiu que, houve falhas no Processo Seletivo Especial Indígena 2015, mas disse que está trabalhando para corrigir os problemas e aperfeiçoar a seleção de indígenas para a universidade, de modo que no PSE 2016 não haja prejuízos aos candidatos.

Na primeira lista de classificados para a fase de entrevistas que é eliminatória, havia apenas quatro candidatos Mundurucu e quatro Wai-wai, que moram nas aldeias de suas etnias. A maior parte dos 174 classificados era constituída de candidatos indígenas que vivem na cidade e tem maior compreensão da língua portuguesa.

O resultado da avaliação foi bastante questionado pelas lideranças indígenas e suscitou documento assinado pelo Cita requerendo da Pró-Reitoria de Ensino, a realização de novas avaliações ou nova correção da prova escrita.

Segundo Iannuzy, a Pró-Reitoria realizou nova correção das provas e uma nova lista saiu na última sexta-feira, com 200 nomes. Desta vez, o número de candidatos Mundurucu subiu para 15 e de Wai-wai, para 14. No entanto, as entrevistas haviam sido marcadas para os dias 3 e 4 e como a lista não havia sido amplamente divulgada, os candidatos aldeados corriam o risco de serem eliminados sem nem mesmo terem passado pela entrevista.

"Nosso receio era que os candidatos aldeados não tivessem condições de fazer as entrevistas porque sequer haviam tomado conhecimento de sua classificação para essa última etapa do PSE. Com a dilatação desse prazo, vamos usar as redes sociais e o rádio para fazer chegar as aldeias a informação com os nomes dos candidatos que estão habilitados para as entrevistas e nossa expectativa é que o PSE Indígena seja olhado com mais carinho e mais respeito para que fatos ocorridos nesse certame não se repitam", declarou Iannuzy.

PoróBorari, coordenador do DAIN quer mais transparência por parte da Ufopa na realização do PSE Indígena. "Nós vamos cobrar da Ufopa mais transparência no processo seletivo indígena, desde a homologação da prova escrita à divulgação dos aprovados e habilitados a fazer as entrevistas. Há indígenas que entraram com recursos porque não aceitaram a forma como foram avaliados. Nós lamentamos que até hoje o listão dos classificados não tenha sido publicado no site da universidade eles alegam que houve problemas no sistema, mas isso dificultou muito a divulgação para os nossos parentes indígenas que estão nas aldeias. Poucas pessoas tiveram acesso ao listão e ficou parecendo que os indígenas é que tem o dever de fazer essa divulgação, quando na verdade esse papel é da universidade. Nós estamos falando de uma instituição pública federal e que por isso deveria fazer o processo da maneira mais transparente possível", concluiu.

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