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Presos 3 acusados de violência no Araguaia

O Globo, País, p. 9
25 de Set de 2013

Presos 3 acusados de violência no Araguaia
Grupos contrários a reserva fecharam estradas em cidade de Mato Grosso

Cleide Carvalho

SÃO PAULO. A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira três homens acusados de participar dos atos de violência contra moradores de Luciara, município de cerca de 2 mil habitantes na região do Araguaia, no Mato Grosso. Entre sexta-feira e domingo, grupos contrários à criação de uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável no município fecharam todas as estradas de acesso e, inclusive, o acesso pelo Rio Araguaia. Um trator foi usado para fechar a pista do aeroporto local. Um pesquisador do grupo Nova Cartografia Social da Amazônia e outro formado por um professor de geografia e 18 alunos da universidade do Mato Grosso foram impedidos de entrar na cidade e escoltados a 100 km de distância, sob ameaças. Casas de dois líderes da comunidade local foram incendiadas.

A prisão temporária dos três acusados foi pedida pelo Ministério Público Federal. Um dos crimes atribuídos ao grupo é formação de quadrilha. Os três presos foram levados a prestar depoimento e o processo foi encaminhado à Justiça Federal de Barra do Garças.

Dois dos presos são conhecidos como Junior Lico e Thiago do Português e foram identificados entre os participantes dos atos criminosos. Os acessos ao município foram liberados na noite de domingo, mas na segunda-feira tiros foram disparados contra a casa do diácono da comunidade, ligado à Prelazia São Félix do Araguaia.

A proposta de criação da reserva ainda está em andamento no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A reserva, de aproximadamente 100 mil hectares, é destinada a preservar as várzeas do Rio Araguaia. A área é usada comunitariamente por moradores de Luciara. São cerca de 60 famílias de "retireiros", conhecidos por usar as várzeas como pasto para o gado durante a vazante do rio. Na cheia, a área é tomada pelas águas do Araguaia e os animais são levados a pastar em outra área.

A várzea pertence à União e a criação da reserva não significa desapropriação de terras. Líderes dos retireiros afirmam que o grupo contrário quer associar a criação da reserva à desocupação da Terra Indígena Marãiwatsédé, que pertence aos índios xavantes. As terras dos xavantes eram ocupadas por grandes fazendeiros e políticos locais e até mesmo um desembargador do Tribunal de Justiça do Mato Grosso.
- É importante que as instituições atuem e garantam a aplicação da lei - afirma o procurador Lucas Aguilar Sette, do MPF de Cuiabá, autor do pedido de prisão temporária dos envolvidos.

O Globo, 25/09/2013, País, p. 9

http://oglobo.globo.com/pais/pf-prende-tres-acusados-de-impor-terror-ao…

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