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Preso da versoes diferentes sobre o mandante do crime

FSP, Brasil, p.A5
22 de Fev de 2005

Preso dá versões diferentes sobre o mandante do crime
Da Agência Folha, em Altamira Em depoimento ontem à Polícia Civil, o preso Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, acusou o sindicalista Francisco de Assis dos Santos Souza, 36, conhecido como Chiquinho do PT, de ser o mandante do asassinato da freira Dorothy Stang.À noite, em depoimento à Polícia Federal (que também abriu inquérito sobre o caso), Fogoió negou ter apontado Chiquinho como mandante do crime, segundo o delegado Ualame Fialho Machado. O delegado da Polícia Federal não quis revelar se o acusado citou o nome do mandante do crime em seus depoimentos.Chiquinho do PT é presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Anapu, concorreu nas eleições de 2004 à prefeitura da cidade e era amigo da freira.O interrogatório de Fogoió na Polícia Civil durou 4 horas e foi presenciado por policiais federais e uma advogada da CPT. A polícia, que trabalha com a hipótese de que o mandante do crime foi o fazendeiro Vitalmiro de Moura Bastos, acredita que Fogoió, ao acusar Chiquinho, está tentando desviar o foco das investigações.Chiquinho chegou a cumprir mandato como vice-prefeito na administração do ex-prefeito de Anapu, João Paraná (PSDB), de 2000 a 2004. Ouvido pela Folha em Altamira, o petista acusou setores da polícia de vazar a informação do depoimento de Fogoió para atrapalhar a investigação."Quem tem interesse nessa versão são os policiais que acusaram a freira de armar sem-terra, o que nunca foi comprovado." Chiquinho se referia ao processo em que a freira era acusada de ter financiado a compra de armas para trabalhadores denunciados pela morte de segurança no final de 2003. O processo não foi acolhido por falta de provas.Waldir Freire, comandante de operações especiais da Polícia Civil, disse que não há interesse em culpar ninguém, mas confirmou que Chiquinho foi citado.O promotor Sávio Brabo, do Ministério Público Estadual do Pará, negou que o segredo de Justiça tenha sido expedido após o vazamento da informação, pela polícia, de que Fogoió disse em depoimento que o mandante da morte de Dorothy foi Chiquinho.
Nilmário afirma que acusação é "inverossímil"
Iuri DantasDa Sucursal de Brasília O secretário especial dos Direitos Humanos da Presidência, Nilmário Miranda, definiu ontem como "inverossímil" a acusação de que o ex-vice-prefeito de Anapu (PA) Francisco de Assis de Souza, o Chiquinho do PT, é o mandante do assassinato de Dorothy Stang.Representante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Anapu, Chiquinho foi acusado por Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, suspeito de ser o autor dos disparos contra a religiosa."É tão inverossímil. Não estou preocupado com isso. Nem a polícia. Isso só serve para atrasar o trabalho policial", disse o ministro após falar ao telefone com policiais federais que investigam o caso em Anapu.Políticos do PT, ativistas de direitos humanos do Pará e representantes da igreja católica rebateram as acusações de Fogoió. Chiquinho do PT era conhecido como "filho de Dorothy" na região, devido à sua proximidade com a freira.A irmã Jane Dwyer,64, companheira de Dorothy Stang na casa das irmãs da Congregação de Notre Dame, em Anapu, reagiu com indignação à acusação contra o ex-candidato a prefeito da cidade: ""Chiquinho convive com irmã Dorothy desde os 12 anos. Ele era como um filho para ela", disse.Presidente da comissão externa do Congresso Nacional responsável por acompanhar as investigações, a senadora Ana Julia Carepa (PT-PA) afirmou que a acusação é uma manobra "diversionista" de madeireiros e grileiros da região.Chiquinho tem seu nome na lista de pessoas ameaçadas de morte que a CPT (Comissão Pastoral da Terra) entregou ao governo. Segundo Nilmário, será oferecida proteção policial ao ex-vice-prefeito.
FSP, 22/02/2005, p.A5

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