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Presidente da Funai diz que Polícia Federal não pode recusar depoimento de índios no caso Truká

Radiobrás -Brasília-DF
Autor: Adriana Franzin
25 de Mai de 2006

O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira Gomes, disse hoje (24), em entrevista concedida à Agência Brasil, que a Polícia Federal não pode recusar o depoimento dos indígenas, testemunhas do assassinato de dois índios Truká, alegando parcialidade. A denúncia foi feita por Aurivan dos Santos Barros, conhecido como neguinho Truká, líder da etnia.

Um inquérito foi aberto pelo Ministério Público para investigar o assassinato do irmão e do sobrinho dele: Adenilson dos Santos Vieira, de 38 anos, e seu filho, Jorge Adriano Ferreira Vieira, de 17 anos. O crime ocorreu há quase um ano, no final de junho de 2005, quando era realizada uma festa no município de Cabrobó, interior pernambucano. Os Truká acusam membros da Polícia Militar de Pernambuco de terem sido os autores do assassinato.

De acordo com Gomes, a procuradoria jurídica da Funai acompanha o caso desde o início. Segundo ele, cabe ao Ministério Público demonstrar a validade do depoimento dos índios. "A polícia não pode supor isso, senão, não ouviria os dois lados", disse ele. Gomes afirmou que nunca aconteceu fato semelhante na Funai.

À época, em entrevista à Agência Brasil, a antropóloga e educadora do Centro de Cultura Luiz Freire, Caroline Mendonça, explicou que o conflito entre os indígenas e a Polícia Militar começou em 1999, quando os Truká conseguiram que os 124 posseiros residentes saíssem das terras consideradas tradicionais da Ilha de Assunção, uma área de 6.200 hectares. Cerca de 3.500 índios dessa etnia vivem hoje na ilha.

Desde então, a polícia tem executado diversos mandados de prisão contra lideranças por acusações de roubo de gado e formação de quadrilha. Os índios se defendem e acusam a polícia de perseguição e violência. Em maio de 2005, uma das principais lideranças do povo, Aurivan dos Santos Barros, conhecido como Neguinho Truká, foi preso enquanto prestava depoimento à Polícia Federal na cidade de Salgueiro

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