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Presidente da CoP ouve de CEOs que país precisa de agenda verde para economia

Valor Econômico - https://valor.globo.com/brasil/noticia
Autor: CHIARETTI, Daniela
05 de Ago de 2021

Presidente da CoP ouve de CEOs que país precisa de agenda verde para economia
Alok Sharma, em visita ao Brasil, ouviu críticas da sociedade civil aos compromissos brasileiros e ao avanço do desmatamento e a convicção de que o país precisa de uma agenda verde

Por Daniela Chiaretti
De São Paulo 05/08/2021

Ao desembarcar no Brasil, na terça-feira, Alok Sharma, o britânico que preside a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a CoP-26 reuniu-se com oito representantes de movimentos sociais, empresariais e ambientalistas. O político britânico, que tem dito que o fim do uso do carvão no mundo "é nossa última esperança", ouviu que "desmatamento é igual a carvão" e que ambos sabotam os objetivos do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura a níveis bem abaixo de 2oC mirando 1,5oC. O resumo acima é de Ana Toni, diretora-executiva do Instituto Clima e Sociedade (iCS) e uma das presentes ao encontro na Embaixada britânica. "Sentimos que ele queria nos escutar, que havia espaço para nossas mensagens", diz.
Sharma recebeu um posicionamento do setor privado, assinado por 80 CEOs de grandes empresas que vão de tecnologia ao agronegócio e estão representadas pelo Cebds. "A CoP 26 não será apenas sobre clima, mas sobre comércio e investimento. O mundo irá decidir como isso será feito pelas lentes do clima", diz André Clark, CEO da Siemens Energy Brasil. "Temos a oportunidade de construir uma agenda verde para o Brasil. As questões climáticas são fundamentais para os brasileiros, para a produção de energia e de alimentos e o regime de chuvas", segue. Clark sintetiza as três mensagens principais do documento a Sharma. A primeira é que o Brasil tem que cumprir suas promessas no Acordo de Paris e que os setores empresarial e financeiro reconhecem sua responsabilidade na transformação da economia ao baixo carbono. A segunda é que as ambições brasileiras têm que ser altas. Por fim, que o país têm "vantagens competitivas extraordinárias na corrida para a economia de emissões líquidas zero". "Pagaremos muito caro se não prestarmos atenção na mudança do clima", continua o executivo. "Mas teremos grande sucesso se reposicionarmos nossa economia e apostarmos na transição verde", segue o executivo. A presidente do Cebds, Marina Grossi, esteve em dois encontros com Sharma e entregou a ele o documento dos 80 CEOs. "Disse a ele que as empresas brasileiras estão comprometidas com a trajetória de baixíssima emissão de carbono e que entendem que é uma grande oportunidade", conta. "O Brasil tem sua principal janela de oportunidade com a eliminação do desmatamento e a ampliação da agricultura de baixo carbono até 2030. Temos que preparar o setor privado para isso. Depois, teremos que aumentar muito mais a competitividade e será mais difícil".
No encontro com Sharma, havia representantes indígenas, quilombolas e extrativistas. Sonia Guajajara, coordenadora nacional da APIB, que reúne o maior números de entidades indígenas no país, disse que os povos indígenas foram vacinados com Coronavac, querem participar da CoP, mas temem que a vacina não seja reconhecida no Reino Unido. A todos Sharma repetiu que o governo britânico quer fazer uma conferência presencial e inclusiva, segura para os participantes e para a população de Glasgow, e que espera sanar dúvidas logísticas em alguns dias. O crescimento da variante delta da covid-19 no mundo é uma preocupação. Sharma também recebeu uma carta de Marcio Astrini, coordenador do Observatório do Clima, entidade que reúne 60 ONGs com ação climática. O texto reproduz as críticas da sociedade civil aos compromissos brasileiros anunciados em dezembro, a NDC revisada. "A NDC atual permite um nível muito mais alto de emissões de gases-estufa em 2025 e 2030 do que a anterior", dizem os ambientalistas, lembrando o que consideram ter sido uma "pedalada de carbono".
O Brasil é o 34o destino que Sharma visitou nos últimos meses, para chegar a consensos políticos em preparação à CoP 26. O único evento público da agenda foi ontem de manhã, em reunião com governadores, prefeitos e empresários que assumiram compromissos de emissões líquidas zero em 2050. Hoje 100 empresas, 12 cidades e quatro Estados já se comprometeram com metas net-zero em 2050. A soma destes esforços seria de 33% das emissões brasileiras.

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