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Preservação das línguas indígenas também foi aprovada pela Petrobras

O Liberal-Belém-PA
13 de Mai de 2004

Um projeto que se preocupa com a preservação das línguas indígenas está entre os quatro trabalhos paraenses contemplados pelo Programa Petrobras Cultural, que selecionou 141 projetos nas áreas de música, cinema, patrimônio, formação e cidadania para receberem um total R$ 60 milhões em investimentos. Ontem o Cartaz divulgou o "Tocando a Memória -Rabeca", e ainda há outros dois, "A Memória na Fala dos Mestres de Cultura de Itacoaraci" e "Carimbó de Santarém Novo".

"Documentação, Descrição e Preservação de Línguas Indígenas Amazônicas" é realizado por cinco professores e uma mestranda da Universidade Federal do Pará (UFPA). Cada um trabalha com uma língua que, apesar de distintas, têm a mesma importância a ser preservada. "Casos como as línguas xipaya e anambé estão ameaçadas de extinção, quase ninguém as utiliza mais para se comunicar, e é urgente que se faça algo. Já o apurinã tem mais falantes, acho que chega até a 400 índios, mas se não continuar sendo transmitida de pais para filhos, tende a desaparecer. Algumas têm um risco iminente de se perderem, em outras o risco é menor, mas é importante que a preservação esteja em pauta em todos os casos", diz a coordenadora Carmem Rodrigues.

Estão no enfoque do projeto as seguintes línguas do tronco tupi: xipaya, estudada por Carmem; anambé, por Risoleta Julião; makurap, por Alzerinda Braga; e assurini, pela aluna mestranda Antônia Alves Pereira. Há ainda a apurinã, do tronco aruak, estudada por Sidney Facundes; e parkatêjê, do tronco macrojê, por Marília Ferreira. O projeto foi orçado em R$ 58 mil e até ontem Carmen não sabia se ele havia sido aprovado na íntegra.

O trabalho vem sendo desenvolvido por eles há muitos anos, de forma independente. "Eu estou estudando a língua xipaya desde 1988. As pessoas acham que 10,15 anos se dedicando a uma única língua é muito, mas não é. Quando começamos, havia pouquíssimas informações e hoje estamos em fase adiantada de análise", diz. Os professores já conseguiram fazer análises fonológicas, descrições morfológicas e de sintaxe, passando para o papel línguas que não têm nem escrita. "Fizemos uma ortografia simplificada a partir do nosso alfabeto e criamos códigos equivalentes a fonemas que não existem em nenhum outro idioma".

A partir da aprovação pela Petrobras, o projeto entra em nova fase. A intenção agora é elaborar dicionários e publicar coletâneas de textos que correspondem à cada cultura. "Cada língua equivale a um povo diferente, com mitos e especificidades culturais que precisam ser registradas para não se perderem com o tempo", considera.

A intenção é que o material sirva de recurso didático para os descendentes de índios que queiram perpetuar a cultura de seu povo.

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