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Preservação ameaçada por reserva

Agência de Notícias-Florianópolis-SC
12 de Fev de 2000

Apremavi quer impedir ampliação das terras indígenas

Rio do Sul - O processo de ampliação da reserva indígena Duque de Caxias precisa ser suspenso imediatamente para evitar que ocorra um grande conflito ambiental e social. A sugestão foi proposta pela Associação de Preservação do Meio Ambiente do Alto Vale do Itajaí (Apremavi), em documento entregue ontem ao presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Carlos Frederico Mares de Souza Filho. A proposta de aumento da área, de 14 mil para 36 mil hectares, inclui duas unidades de conservação, a Arie - Área de Relevante Interesse Ecológico da Serra da Abelha e a Reserva Biológica Estadual do Sassafrás, que estão dentro do domínio da mata atlântica, bioma do qual restam apenas 7% em todo o Brasil.
A presidente da Apremavi, Miriam Prochnow, entende que a ampliação da área, da forma proposta pela Funai, além de criar novos conflitos, não vai resolver os problemas dos índios. Ela lembrou que em sua primeira manifestação pública, em junho de 87, a associação denunciava a devastação dos 14 mil hectares da reserva, de onde saíam todos os dias, em média, 350 caminhões carregados com toras nativas. "O nosso objetivo era preservar a floresta e a qualidade de vida dos índios" recorda. Miriam observou que apesar das denúncias e da luta da Apremavi e de outras entidades não governamentais, a reserva foi totalmente devastada, com a conivência dos poderes executivo, legislativo e judiciário, madeireiros e dos próprios indígenas.
A proposta da Apremavi é que seja feito um reestudo minucioso da região do entorno próximo à reserva, levando em conta que uma possível ampliação da mesma não abranja áreas que possam gerar conflitos com agricultores familiares estabelecidos à décadas. "Este reestudo deve ter a participação da Funai, Índios, Ibama, Fatma, organizações não governamentais, universidades, agricultores, prefeituras e Ministério Público", acrescentou Miriam. Ela também defendeu a exclusão das Unidades de Conservação e das propriedades dos pequenos agricultores, dos novos limites a serem propostos. "É preciso que haja o compromisso das partes de que não se inicie novo processo de devastação da mata atlântica na região". assinalou.
Quanto a área onde se encontram os agricultores, Miriam lembrou que Santa Catarina é um estado caracterizado por pequenas propriedades, sendo 90% do seu território com menos de 50 hectares. Ela observou que a transferência do número de famílias envolvidas, para outras localidades, é praticamente impossível. Na região do Alto Vale do Itajaí, por exemplo, não existem áreas disponíveis para assentar esses colonos. "Acreditamos que não se pode resolver um problema, criando conflitos", assinalou a ecologista.

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